
A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público encaminhou à chefia da Polícia Civil pedido para investigar o suposto uso do helicóptero da corporação em evento da prefeitura de Brochier, no Vale do Caí, em abril.
A aeronave teria sobrevoado a cidade em passeios panorâmicos levando a bordo a rainha da Expofesta 2014, a principal atividade social na cidade.
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O helicóptero - sob responsabilidade do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) - foi solicitado pela Delegacia Regional da Polícia Civil, em Montenegro, para dar apoio a uma operação contra o tráfico de drogas em Brochier, município vizinho.
Uma suspeita de que criminosos teriam ficado sabendo da operação levou o adiamento da ofensiva policial. Mas a aeronave, com um piloto e um policial, já tinha se deslocado para Brochier.
Há versões distintas para o passeio aéreo. O vice-prefeito de Brochier, Fábio Wentz, presidente da Expofesta deste ano, diz que ele próprio pediu para que rainha andasse no helicóptero, ao encontrar policiais em seu restaurante.
- A festa é realizada a cada dois anos. É costume a rainha dar uma volta de helicóptero. Acho que em anos anteriores eram voos fretados - afirmou Wentz.
Agente policial disse que uso foi disfarce
Segundo agentes ouvidos por ZH, o sobrevoo com a rainha teria durado dois minutos e seria um disfarce para fotografar e filmar a casa de um dos traficantes sem levantar desconfianças.
A operação policial foi deflagrada uma semana depois, sem uso de helicóptero, resultando na prisão de dois homens com 60 gramas de maconha, além de dinheiro e munições. Um dos pontos de tráfico era um estabelecimento comercial quase ao lado da delegacia da Polícia Civil de Brochier.
O helicóptero da Polícia Civil foi comprado no final de 2012, por R$ 7,7 milhões, depois de três décadas de promessas. A aeronave é utilizada em ações que necessitam agilidade, em especial em identificações e perseguições a criminosos em locais de difícil acesso por via terrestre.
Procurado por Zero Hora, o diretor do Deic, Eduardo de Oliveira Cesar, evitou declarações, pois o caso está sob investigação da Corregedoria da corporação. Pela mesma razão, o delegado regional de Montenegro, Edilson Paim, também se negou a falar.