Depois de ver a primeira licitação para reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz terminar sem interessados, a Marinha pretende lançar uma segunda concorrência pública até maio. Apesar do revés, permanece a previsão de inaugurar a nova casa do país no continente branco em março de 2016.
- Foi uma surpresa, mas é possível resolver a nova licitação durante o inverno antártico (abril a outubro), sem atrapalhar os cronogramas - assegura o contra-almirante Marcos Silva Rodrigues, secretário da comissão que responde pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar).
A licitação para reconstrução da base, destruída por um incêndio em fevereiro de 2012, tem histórico acidentado. O processo se iniciou em novembro do ano passado, foi interrompido em dezembro para passar por ajustes, retomado em janeiro e acabou deserto em fevereiro.
A fim de preparar um novo edital, a Marinha consulta empresas brasileiras e estrangeiras que manifestaram interesse na obra, mas não apresentaram propostas. Outra possibilidade avaliada é dispensar a licitação, desde que o contratado aceite os termos da concorrência anterior.
- Temos a ideia de abrir a licitação para empresas de fora do Brasil. E provável que o valor orçado de R$ 145,8 milhões sofra um acréscimo - adianta Silva Rodrigues.
O valor supera o dobro do preço estimado para obra em 2012, que era de R$ 70 milhões. A Marinha credita a alta a adequações na infraestrutura e a diferenças cambiais. Empreiteiras de países como Canadá, Alemanha e Noruega são vistas com bons olhos, já que possuem expertise para construir em locais frios _ a temperatura média na Ilha Rei George, onde o Brasil mantém presença, fica em - 10ºC no inverno e os ventos podem chegar a 200 km/h.
Moderna, dotada de espaços como laboratórios, biblioteca e centro cirúrgico, a nova Ferraz terá 4,5 mil m², apta a acomodar mais de 64 pessoas no verão e 34 no inverno. O prédio será erguido no mesmo local da estrutura destruída pelo fogo, que foi inaugurada em 1984 na Península Keller, Ilha Rei George, na região peninsular da Antártica.
Paralelo à licitação, o estudo geotécnico necessário para as fundações da futura base deve ser finalizado no próximo mês. De fevereiro a março técnicos da empresa Linhares de Castro utilizaram sondas e sensores nas perfurações que traçam o perfil do solo que receberá a obra, alvo da expectativa da comunidade científica.
- Além de maior conforto nas acomodações, a pesquisa estará muito bem contemplada. Fomos consultados sobre o que era necessário nos laboratórios. As expectativas são as melhores possíveis - elogia Rosalinda Montone, da Universidade de São Paulo (USP).
Outra concorrência
Marinha quer lançar até maio nova licitação para reconstrução de Ferraz
Primeira concorrência não teve interessados, mas a previsão de término não foi alterada
Guilherme Mazui / RBS Brasília
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