É paulista de Teodoro Sampaio, cidade de 20 mil habitantes que faz divisa com Paraná e Mato Grosso do Sul, o destaque do time B do Grêmio nas duas primeiras rodadas do Gauchão. Lateral-esquerdo habilidoso e que conclui a gol, Breno Lorran da Silva Talvares, 18 anos, vem agradando aos torcedores e pode ser tornar uma alternativa ao grupo principal, que perdeu Alex Telles e só conta com Wendell para a posição - o volante Léo Gago tem treinado improvisado.
A ousadia para apoiar e chegar à linha de fundo vem desde os tempos de guri. Até os 16 anos, Breno jogava na ponta-esquerda. Foi como atacante, disputando uma competição no município de Rancharia, em São Paulo, que o garoto despertou a atenção de olheiros do Red Bull Brasil, clube que costuma captar novos talentos e revendê-los. Ainda no Red Bull, onde ficou por quatro anos, passou a lateral. Em fevereiro de 2013, desembarcou em Porto Alegre.
- Estava em São Paulo, que é uma cidade enorme. No começo, estranhei, mas Porto Alegre é bonita. Estou feliz aqui, me adaptando - conta Breno, que mora na concentração destinada a atletas da base, em Eldorado do Sul.
Sobre os primeiros jogos em uma competição profissional, revela que esperava mais dificuldades. Temia o nervosismo, que ansiedade fosse lhe prejudicar.
- Tive aquele friozinho na barriga, acho que o rendimento foi regular. Para início, acredito que foi muito bom. É uma experiência nova para todos nós (jogadores do sub-20).
Se no primeiro jogo, diante do São José, a ansiedade era pela estreia. No segundo, contra o Lajeadense, a expectativa ficava conta de atuar na Arena.
- Quando pisei no gramado, me arrepiei - revela.
Mas, depois que a bola rolou, Breno não se intimidou. Driblou, correu, avançou pela linha de fundo e deu um cruzamento para o gol de Everton, o primeiro do Grêmio na temporada 2014. Em Teodoro Sampaio, no interior paulista, a família se emocionou.
- Minha mãe chorou, era o sonho dela me ver jogar em um estádio como a Arena.
Em São Paulo, o lateral também deixou a avó e a namorada Luana. O irmão Bruno, 15 anos, agora é companhia no Rio Grande do Sul. O garoto joga como volante na base tricolor.
- Não é porque é meu irmão, mas joga bem.
Boas atuações no Gauchão podem render a Breno um lugar no grupo de Enderson Moreira. O jovem atleta sabe disso, mas não quer se precipitar. Fala em dar um passo de cada vez e que trabalhará para receber a oportunidade. Porém, perguntado se está pronto para se unir aos profissionais, enfatizou:
- Acho que estou, a gente vai aprendendo coisas novas, crescendo.
Aos poucos, Breno, que se considera um lateral de velocidade e bom passe, vai cavando espaços no clube e tentando se adaptar a Porto Alegre. Ontem, com o calor escaldante na Capital, não se incomodou em entrar em uma banheira de gelo para aliviar as dores musculares. No entanto, ao recordar do frio no inverno gaúcho, não sabe qual clima é pior.
- Lembro de um dia que a gente estava treinando a 0ºC em Eldorado, com sensação de -2ºC. O pessoal teve que parar o trabalho e servir chocolate quente.