Os profissionais nascidos e formados no Brasil que se inscreveram no programa Mais Médicos chegaram ao estado nesta segunda-feira (2). Em Porto Alegre, um evento com autoridades foi realizado para recepcionar 13 médicos que atuaram em Unidades de Saúde da Família (USF) a partir da próxima quarta-feira (4). Até lá, haverá uma programação elaborada para apresentar a realidade da Capital e integrar os novos servidores. Cada cidade define o seu cronograma.
Quanto aos médicos estrangeiros, oito atenderão na Capital e estão realizando curso preparatório. A expectativa é que eles iniciem os trabalhos até o final de setembro. Porto Alegre recebeu 21 médicos (brasileiros e estrangeiros), mas havia solicitado 213. Em todo o RS, são 96 profissionais distribuídos em 37 cidades.
Médicos
Entre os 13 médicos que irão trabalhar em Porto Alegre, grande parte não quis gravar entrevista. Segundo conversas informais, eles estão sofrendo pressão de outros profissionais contrários ao programa Mais Médicos e não querem que seu nome seja divulgado. No entanto, há quem queira falar.
Renata Rosa de Carvalho tem 25 anos e, embora tenha nascido em Rondônia, mora em Porto Alegre há nove anos junto com a família. Ela se formou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em dezembro do último ano. Ela atribui a vontade de trabalhar vinculada ao programa federal aos objetivos profissionais.
- Eu acho que é uma coisa muito pessoal. Eu quero medicina de família, acredito no papel do médico de família, acredito muito no SUS, então acho que minha decisão foi mais pautada nisso.
Já Ericácia Serafim Cortês, 24 anos, escolheu Porto Alegre devido a questões pessoais. Seus pais são naturais de Passo Fundo, no norte gaúcho. No entanto, ela nasceu e estudou um Porto Velho, Rondônia. A médica afirma que se inscreveu no programa para ter uma primeira oportunidade profissional e continuar estudando. Ainda assim, ela critica o modelo da contratação.
- Acho que não é nenhum pouco seguro para o médico brasileiro. Eu sou médica brasileira com diploma brasileiro. Então para a gente não ter vínculo empregatício, não ter férias, não ter nenhuma garantia é bem complicado.
Evento
Os profissionais foram recepcionados pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha. Ele agradeceu os médicos pela "coragem" de participar do programa e disse acreditar que não haverá hostilidade contra os novos colegas.
- Eles querem contribuir com a população. Você pode perguntar o que os move e eu tenho certeza que com os médicos brasileiros a dimensão humanitária vai vencer.
O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, voltou a criticar os médicos que, segundo ele, fizeram uma molecagem sabotando as inscrições ao programa federal.
- No Brasil, apenas 1,8% dos médicos que atendem são estrangeiros. Reino Unido possui 35% e os Estados Unidos, que são protecionistas por natureza, contam com 25% de profissionais de outros países.
Já o secretário estadual da Saúde, Ciro Simoni, disse que, apesar das críticas à estrutura de saúde nas cidades do interior, há condições de oferecer atendimento de boa qualidade.
- Existe a dificuldade de formação das nossas equipes. Quero dizer que os médicos que chegam serão muito bem recebidos. Temos condições de atender toda a população.
Unidades que receberão profissionais
Zona Sul
USF Castelo - Restinga
USF Lami
USF Morro dos Sargentos - Serraria
USF 5ª Unidade - Restinga
USF Mato Grosso - Teresópolis
Zona Norte
USF Santo Agostinho
USF Planalto
USF Santa Maria
USF Nova Gleba
Zona Leste
USF Esmeralda
USF Santa Helena
USF Wenceslau Fontoura
USF Vila Vargas
Gaúcha
Profissionais do programa Mais Médicos começam a atender nesta quarta-feira na Capital
Porto Alegre recebeu 13 profissionais nascidos e formados no Brasil
Mateus Ferraz
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