No prédio número 85 da Rua São Pedro, no centro de Gramado, na Serra, é possível encontrar um pijama infantil por R$ 0,50 ou um sobretudo de lã - a peça mais cara- por apenas R$ 8.
É na Associação de Assistência e Caridade, conhecida por Damas de Caridade, que funciona o brique onde roupas recebidas como doações são reformadas e entregues a preços simbólicos.
Além de roupas, o local tem produtos de limpeza, bolsas, aventais, chaveiros, almofadas, toalhas e cobertores. O brique funciona diariamente e o movimento é intenso.
A equipe da Damas da Caridade é formada por 66 voluntárias, beneficiárias do Bolsa Família. Elas participam de oficinas de artesanato, corte e costura, fabricação de produtos de limpeza, patchwork (técnica de costura que utiliza retalhos) e produção de fraldas adultas e geriátricas durante o ano todo.
O resultado desse trabalho, somado a doações, é vendido em um brique, a preços simbólicos. Esse dinheiro é então destinado à compra de alimentos e cestas básicas para 150 famílias cadastradas na Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social, incluindo as voluntárias, e ao custeio do material necessário para os cursos.
Além da cesta básica, as voluntárias ganham lanches diários e duas passagens de ônibus para cada ida à sede. Elisabete Oliveira da Silva, 61 anos, faz parte do grupo há nove meses. Aposentada, ela conta que os cursos são uma forma de utilizar bem seu tempo e fazer amizades:
- Eu vou todas as terças-feiras de tarde, e me tratam muito bem. Acho o trabalho ótimo porque as pessoas precisam dessas roupas a um preço baixo - afirma Elisabete.
O auge das doações é a campanha do agasalho, que dura de 30 a 40 dias e ocorre a partir de maio. Somente no ano passado, quando os ônibus foram utilizados pela primeira vez como pontos de coleta de materiais, foram recolhidas 10 toneladas de roupa.
Nessa época, supermercados, lojas e espaços públicos recebem vestuário para o brique. As doações, no entanto, podem ser feitas o ano inteiro, na sede da associação.
A idealizadora do projeto e primeira-dama do município, Jandira Tissot, e a coordenadora das Damas de Caridade, Viviana Cardoso, acreditam que a compra, mesmo que por um preço simbólico, faz com que a comunidade dê mais valor ao produto, além de incentivar doações de materiais de maior qualidade.
- Nosso diferencial está em transformar uma simples doação em uma grande atividade, que vai desde ensinar um novo ofício até oferecer peças mais legais e em bom uso para a comunidade - afirma Jandira.
Como funciona o brique
- A proposta de criar um brique para distribuir roupas doadas surgiu em 2009. O trabalho, da lavagem até a customização, é feito por voluntárias.
- Além de roupas, local também oferece itens como produtos de limpeza, bolsas, toalhas e cobertores.
- Qualquer um pode comprar no brique. Caso a pessoa não tenha dinheiro, o material pode ser doado. Para isso, basta que se comprove a necessidade na Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social.
- O brique funciona de segunda a sexta-feira. O horário de atendimento ao público é das 8h às 11h30min e das 13h30min às 17h30min.
- As doações de roupas e materiais podem ser feitas o ano inteiro na sede da associação, que fica na Rua São Pedro, no centro de Gramado.
Caridade na Serra
Brique solidário reforma roupas e oferece doações como se fosse loja em Gramado
Além de roupas, local oferece itens como produtos de limpeza, bolsas, toalhas e cobertores
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