Em uma pesquisa da Infojobs, 59% dos profissionais entrevistados relatam que a diversidade e inclusão (D&I) nas empresas fica apenas no discurso de marketing. O estudo contou com a participação de 421 pessoas, sendo 28,3% (119) delas declaradamente parte do grupo LGBTQIAP+.
Já o levantamento da startup Blend Edu mostra que 72% das 102 empresas participantes têm uma área dedicada à gestão de diversidade e inclusão. Nas edições de 2022 e 2020, a proporção para essa resposta foi de 71% e 64%, respectivamente. Os dados indicam que existe uma tendência de manutenção no nível de estrutura interna e de aumento nos recursos alocados para que o programa e as estratégias de diversidade e inclusão continuem avançando nas organizações.
E para que as ações de diversidade sejam verdadeiras, é preciso de intencionalidade. É o que salienta a diretora de Pessoas da Atlas Technologies, Renata Souza. Para ela, tanto as lideranças quanto seus times necessitam realmente criar um produto ou serviço que contemple a inclusão social.
Não é à toa que a empresa de tecnologia, localizada na cidade de Pelotas, vem recebendo diversos reconhecimentos com este tipo de postura. Na edição do Great Place to Work (GTPW), de 2024, foi reconhecida entre as 10 melhores empresas nacionais para as diversidades de mulheres e LGBTQIAPN+, além de ser a 26ª melhor empresa para se trabalhar no Rio Grande do Sul.
O diretor de operações da empresa, Kellerson Kurtz, ressalta que para ser um ambiente mais saudável, é preciso ser construído por meio de pessoas mais plurais e certificações, como o GPTW, são fundamentais e seguem ajudando a promover esse crescimento e evolução da Atlas Technologies.
– Deixa evidente que os colaboradores estão inseridos na pauta da diversidade e me incluo nisto, pois sou um homem gay. É excelente ver o como as pessoas reconhecem isso internamente dentro da empresa – celebra.
Programa de diversidade
Para atingir este reconhecimento, a empresa criou o DiversiAtlas, um programa voltado para pessoas Pretas e Pardas, Pessoas LGBTQIAPN+ e Mulheres. O time de People & Culture da Atlas se baseou em práticas do mercado para criar conexões com as demandas de cada público. Segundo Renata, é uma iniciativa com fortes raízes e metas robustas para até 2030.
– Sabemos que o segmento de tecnologia ainda não é tão diverso e representativo, contudo, realizamos treinamento para as lideranças, pílulas de conhecimento, ações de sensibilização, desafios de conhecimento e acompanhamento dos grupos de afinidades – contextualiza.
O programa de diversidade possui políticas de incentivo pautadas nestes grupos com o objetivo de ampliar a discussão e propiciar um ambiente seguro e acolhedor para que todas as pessoas possam explorar o seu potencial. Estes são divididos em três públicos sub-representados: mulheres, pessoas LGBTQIAPN+ e pessoas pretas.
– Iniciamos os encontros com essa perspectiva de escuta. Contudo, com o tempo os grupos foram se tornando orgânicos e com encontros periódicos com o objetivo de fortalecer as pautas e buscar ações efetivas para impactar e promover oportunidade para as pessoas – explica.
Os resultados de inclusão são evidentes. Conforme Renata, 50% das vagas da empresa são afirmativas para os três grupos representados pelo programa de diversidade.
Destas, 41% do time é composto por mulheres, 34% são pessoas pretas e 21% por pessoas LGBTQIAPN+. E se for avaliar a presença em cargos de liderança, 44% são mulheres, 25% pretas e 20% pessoas LGBTQIAPN+.
Na visão de Renata, a diversidade necessita ser realizada todos os dias, não somente nas datas afirmativas. A preocupação precisa ir além de trazer pessoas para o time.
Para o próximo ano, a Atlas Technologies ampliará suas ações de diversidade com a entrada do programa de capacitação de pessoas com deficiência, bem como iniciativas de mentoria para posições de liderança para pessoas pretas.
– Precisamos olhar com cuidado para a jornada de cada grupo e promover ações contínuas que fomentem ainda mais espaços de tomada de decisão para que essas pessoas se sintam realmente representadas – ressalta.