
Ronaldinho era criança quando passou a frequentar as dependências do Grêmio. Afinal, seu irmão, Roberto Assis, era o principal jogador do clube no final da década de 1980 e início da década seguinte.
O que ninguém acreditava, porém, é que aquele menino, que completa 45 anos nesta sexta-feira (21), iria mais longe que irmão. Ou melhor, apenas o próprio Assis.
Quando Roberto levava Ronaldo ao Olímpico para brincar nos treinamentos, sempre apontava:
— Ele é o craque da família.

Ronaldo cresceu. Virou o Ronaldinho, um sucesso nas categorias de base do Grêmio e da Seleção Brasileira. Quando estreou pelos profissionais do Tricolor, em 1998, Assis atuava pelo Sion, da Suiça, mas já acumulava o controle da carreira do irmão.
Ano após ano, as atuações brilhantes de Ronaldinho pelo Grêmio chamaram a atenção da Europa. Por óbvio, choviam propostas na mesa do ex-presidente José Alberto Guerreiro.
Cerca vez, diante do assédio do Leeds United, que estava disposto a pagar US$ 80 milhões pelo craque, o dirigente mandou confeccionar uma faixa e a instalou em frente ao Olímpico: "Não vendemos nossos craques, favor não insistir".
Polêmica saída

A faixa acabou funcionando, pois Ronaldinho não foi vendido. Entretanto, a negociação com o PSG avançou e o não acerto entre clube e jogador para uma renovação de contrato permitiu ao clube francês para levá-lo de graça.
Em meados de 2001, o Tricolor tentava a renovação do contrato, enquanto os franceses a assinatura de um pré-contrato que entraria em vigor após o fim do vínculo com a equipe gremista.
No fim, a equipe de Paris levou a melhor na queda de braço. Só tempos depois, através da justiça, o Grêmio recebeu US$ 4,2 milhões.
O desfecho na negociação ocorreu na Churrascaria Mosqueteiro, anexa ao Estádio Olímpico, e envolveu toda a família Assis Moreira.
O drible

Ronaldinho rodou pela Europa e conquistou os principais prêmios coletivos e individuais. Dez anos depois de deixar o Olímpico, porém, decidiu que era hora de voltar.
O empresário Assis abriu negociação com o Grêmio e dirigentes estavam otimistas em contratá-lo. Houve até a instalação de caixas de som no Estádio Olímpico.
Só que mais uma vez, em uma espécie de leilão que também envolveu o Palmeiras, o Flamengo fez a proposta mais alta e levou o craque.
— Se brindou 10 vezes (a volta de Ronaldinho), e várias com a presença do Assis. O contrato era perto de R$ 2 milhões por mês — disse o então dirigente Cesar Cidade Dias, que liderou as negociações.
Reencontro

O reencontro de Ronaldinho com a torcida gremista ocorreu no Brasileirão de 2011. Sem surpresas, em um clima absolutamente hostil.
"Pilanta" e "Traíra" foram adjetivos mais leves utilizados pelos gremistas presentes no Olímpico.
Lotado, o Velho Casarão viu o Grêmio vencer por 4 a 2, de virada, em um jogo em que o resultado teve um sabor especial.
Ronaldinho ainda voltou ao Olímpico vestindo a camisa do Atlético-MG, no ano seguinte, e enfrentou o Tricolor na Arena, em 2013.