Nos últimos dias, o nome de Javier Milei surgiu no panorama político sul-americano. O economista avançou, no domingo (13), na corrida presidencial na Argentina. Javier lidera as Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (Paso), que servem como um indicador para a disputa presidencial no país vizinho. De pensamento liberal, Javier se apresentou como uma nova força política, surpreendeu e se destacou, obtendo mais de 5 milhões de votos.
Mas, muito antes de Milei ficar conhecido no mundo ao ser candidato político, de participar de debates televisivos para falar sobre economia, existia outro Javier Milei, desconhecido por grande parte do público. Além de ter feito parte de uma banda cover de Rolling Stones, o candidato à presidência da Argentina foi goleiro das categorias de base do Chacarita Juniors — em uma das consideradas melhores safras do clube de San Martin.
— Eles o trazem para o elenco entre os 13 e os 14 anos, pode ser aos 12. Sempre no gol, exatamente como ele é na vida, ele era goleiro. Ele era um daqueles caras fortes, grandes, meio malucos, por isso o chamávamos de El Loco Milei. Bom goleiro ainda por cima — contou Gabriel Bonomi, ex-jogador de futebol, em entrevista ao Infobae, site de notícias em espanhol.
Quem conviveu com Milei quando mais jovem, caso de Eduardo Perico Pérez, que compartilhou a base do Chacarita com o então goleiro, elogia as qualidades futebolísticas do candidato à presidência. Ele se entregava tanto que chegou a ser chamado de "louco", pela forma como jogava no gol.
À época como goleiro da base do time argentino, Milei e seus companheiros enfrentaram times como o River Plate de Juanjo Borrelli e o Vélez Sarsfield de Diego Simeone. Sua carreira acabou nos anos 1990.
Mas as ligações dele com o futebol não param na sua curta trajetória como atleta amador. Alguns argentinos, inclusive, apontariam o que Milei fez como uma traição.
Ele era torcedor assumido do Boca Juniors. No entanto, conforme contou para o jornal El País, se afastou do time e, pasmem, torceu para o River Plate durante a final da Libertadores de 2018, quando as duas maiores equipes da Argentina se enfrentaram em Madrid.
A história começa em 2013, ano do retorno de Riquelme para sua quarta passagem no Boca. Ali, ele se afastou em um primeiro momento, mas a gota d'água aconteceu no Santiago Bernabeu. Tudo, segundo ele, por conta do populismo.
Quando Fernando Gago entrou em campo aos 44 minutos do segundo tempo e foi forçado a desistir da partida devido a uma ruptura no tendão de Aquiles na prorrogação, ele trocou de lado.
— Torci para o Boca. Na verdade, não é que torci. Estava vendo o jogo, mas quando o Gago entrou, que foi mais um ato de populismo, torci para o River — disse o deputado, que hoje diz não torcer para nenhum dos dois.
Gago, inclusive, é um dos jogadores "odiados" por Milei.
— Para mim, ele era um péssimo jogador de futebol, uma das grandes mentiras do futebol argentino. Foi quando virei contra o Boca — afirmou em diálogo com o Urbana Play.
No domingo, depois de votar na Universidad Tecnológica Nacional, não perdeu a oportunidade usar uma metáfora futebolística.
— Sou bilardista, por isso primeiro o resultado — ressaltou, para deixar mais que claro que só seria possível tirar conclusões sobre o que aconteceu nas urnas quando os resultados vieram à tona.
O "bilardismo" é fruto do trabalho de Carlos Bilardo, técnico campeão mundial com a Argentina em 1986, no México. A simplificação do conceito, o que não é muito bem aceito por parte dos argentinos, é de que Bilardo se importava apenas com uma coisa no futebol, a vitória — mais ou menos o que Milei quis dizer ao deixar a sua zona de votação.