O presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo enviou uma carta aos vice-presidentes da entidade e presidentes das federações estaduais nesta quarta-feira (23). No comunicado, o dirigente traz sua versão sobre as acusações de assédio sexual e moral feitos por uma funcionária. Além disso, aponta para um suposto "golpe" na sua gestão, mencionando o ex-presidente Marco Polo Del Nero como um dos interessados em comandar indiretamente a confederação.
"(...) em ato de ingratidão, (Del Nero) busca retomar o poder na CBF colocando no cargo de presidente alguém que obedeça às suas ordens, tudo aquilo que não obteve de mim (...)", escreveu Caboclo em trecho da carta, da qual GZH teve acesso.
Uma nova eleição será marcada com os oito vice-presidentes da CBF podendo concorrer. Existe, porém, um movimento entre eles para que uma candidatura alternativa seja apresentada. Dois dos dirigentes que se encaixariam nessa opção são Francisco Noveletto, ex-Federação Gaúcha de Futebol, e Ednaldo Rodrigues, vinculado à federação baiana.
"Fui vítima de escutas ambientais e telefônicas absolutamente ilegais dentro da minha própria sala na CBF desde abril de 2018, quando fui eleito. Essas escutas foram, ao que tudo indica, instaladas por pessoas relacionadas à CBF com o intuito de controlar a entidade durante meu mandato. Áudios meus gravados dessa forma foram vazados à mídia e divulgados para me prejudicar, coincidentemente no momento em que foi deflagrada uma campanha para minha saída da CBF", diz a carta.
O texto traz ainda argumentos que enaltecem a capacidade de gestão de Caboclo à frente da CBF, mostrando números de resultados financeiros e destacando os investimentos no futebol feminino. Tal incentivo, nas palavras do dirigente acusado de assédio sexual e moral, são exemplo do respeito que ele tem com as mulheres:
"É notório e amplamente reconhecido que nunca nenhuma gestão da CBF trabalhou tanto e desenvolveu tão solidamente o futebol feminino. Este é o legado definitivo que demonstra meu maior e mais profundo respeito e apreço pelas mulheres e pela defesa da modalidade. É um fato inédito no mundo o comando do futebol feminino de seleções e competições estarem a cargo exclusivamente delas."
Caboclo garante que a relação dele com as autoridades brasileiras e do futebol mundial "sempre foram e continuarão a ser as melhores possíveis". O presidente está afastado do cargo desde que as denúncias foram noticiadas pela reportagem do Ge.Globo, no começo de junho.