Há muito tempo os jogos virtuais deixaram de ser mais do que um hobby e se tornaram um negócio. Games como Fortnite, Free Fire, League of Legends, CS:GO e FIFA reúnem competidores do mundo inteiro. E movimentam bilhões de dólares em competições. Segundo a Newzoo, uma das principais condutoras de pesquisas sobre essa indústria, o mercado movimentou US$ 1,1 bilhão em 2019 e deve se aproximar de US$ 1,5 bilhão em 2020.
Com a pandemia do coronavírus, alguns dos principais campeonatos deixaram de acontecer presencialmente e passaram a ser disputados online. As competições de futebol virtual, por outro lado, foram suspensas totalmente.
O gaúcho Miguel Bilhar, atleta profissional de futebol virtual, fala sobre o prejuízo da parada em eventos presenciais e online. SpiderKong, como é conhecido no cenário competitivo, está na disputa por uma vaga no campeonato mundial individual organizado pela FIFA.
— Eu quero muito que o mundial aconteça, mas dependerá de quando essa situação irá terminar. Tenho treinado e trabalhado muito para disputar o torneio. A temporada não pode ser finalizada assim. A EA Sports (empresa que desenvolve o jogo) nos informou que pode até tentar nos compensar financeiramente. Não é esse o ponto. É um momento atípico e temos que respeitar — comentou.
O também gaúcho Henrique Lempke conquistou o título do FUT Champions Cup realizado na França, em fevereiro, a última edição de um torneio presencial da modalidade. Seguindo a linha de Miguel, o jogador, que defende o time de e-Sports do Benfica-POR, respalda a decisão da paralisação das disputas e se diz ansioso por um posicionamento da organizadora das competições.
— A parada foi necessária. Estamos aguardando notícias sobre o que acontecerá daqui para frente. Infelizmente, não temos disputas online, o que é complicado. Teríamos pelo menos mais cinco torneios no calendário antes do mundial. Penso que eles terão que fazer alguma coisa para recompensar os atletas que investiram dinheiro no FIFA 20 e não terão mais chances de se classificar para o principal torneio da temporada — opinou.
De acordo com Eric Teixeira, CEO e proprietário do site Mais eSports, a parada dos campeonatos presenciais ocorreu como medida de proteção à saúde dos competidores. Porém, a retomada das disputas, de forma online, ocorreu rapidamente. O único fator que fez com que a retomada demorasse um pouco foi técnica, já que os torneios são transmitidos pela internet para o mundo inteiro.
— Todas as competições foram paradas por pelo menos um mês, no começo da pandemia. Agora, as disputas regionais estão acontecendo normalmente via internet e com transmissões. Cada país segue promovendo seus campeonatos, enquanto os mundiais foram adiados. Inclusive, teríamos o mundial de CS:GO no Rio de Janeiro nesse mês. Pela impossibilidade da realização do evento, foi transferido para o fim do ano — comentou.
O ESL One Rio Major será o único mundial de CS:GO em 2020. A premiação da competição foi dobrada pela organização. A equipe campeã levará para casa US$ 2 milhões (mais de R$10 milhões).
Apesar da elevada recompensa para o campeão no evento, o impacto financeiro nos esportes eletrônicos será inevitável. Por se tratar de uma modalidade que precisa de muitos patrocinadores para realizar torneios e para manter equipes, a diminuição da receita das empresas refletirá no apoio aos e-Sports.
— Será muito menor que no esporte tradicional, onde todas as competições estão paradas, mas haverá prejuízos. Entretanto, isso não deve atrapalhar no crescimento. Já crescem de forma absoluta e isso continuará — comentou Eric.