A frase do título surgiu em meio a uma entrevista com Paulo Cézar Carpegiani no programa No Mundo da Copa, da Rádio Gaúcha.
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Eu e o colega Leonardo Oliveira estávamos ouvindo atentamente as histórias de Mundiais contadas por ele, como jogador da Seleção Brasileira e como técnico da seleção paraguaia. Carpegiani falava sobre o mágico surgimento da seleção holandesa que teve a oportunidade de enfrentar em 1974, tentando segurar Cruyff e Neeskens, e da dolorosa eliminação do Paraguai em 1998.
Lá pelo meio da conversa, fiz aquela tradicional pergunta sobre os favoritos para 2018. Afinal a Alemanha realmente está em um patamar superior depois de ter vencido a Copa das Confederações utilizando um time reserva? Ou o Brasil, que no final do mês joga aqui em Porto Alegre, já chegou ao mesmo nível? Carpegiani, com sua autoridade de dois Mundiais, respondeu de imediato:
– Copa do Mundo não tem zebra, os favoritos são sempre os mesmos, e além de Alemanha e Brasil pode colocar aí aqueles mesmos.
A resposta é até meio óbvia, mas, de fato, é a mais pura verdade. Copa do Mundo realmente não tem surpresa. É só olhar a história. Em 84 anos, apenas oito países venceram (Brasil, Alemanha, Itália, Argentina, Uruguai, França, Espanha e Inglaterra). Em alguns casos, com times muito superiores. Mas em outras situações, parece que o peso da camisa entra em campo e torna essas seleções gigantes e imbatíveis. Nem ótimas equipes, como Hungria, Tchecoslováquia e Holanda, que chegaram até as finais, conseguiram vencer.
No Tour da Taça (evento que leva o troféu original da Fifa pelo mundo), o protocolo oficial diz que apenas quem foi campeão mundial pode encostar no troféu. Aos simples mortais resta apenas olhar e admirar.
Na prática, quando a Copa começa, isso se confirma. Claro que países como Espanha (2010) e França (1998) foram novidades, mas tinham seleções fortes, craques em campo e ligas bem organizadas e respeitadas. O título não foi surpresa. Tirando esses dois Mundiais, de 1966 pra cá, o troféu ficou sempre com Brasil, Alemanha, Argentina e Itália. Só.
Mais ninguém.
Dando uma rápida passada pelas Eliminatórias, dá para ver que alguns estão em situação tranquila, outros nem tanto, mas todos os oito vencedores deverão conseguir a classificação para o ano que vem na Rússia. Em um torneio tão rápido, de apenas sete jogos em um mês, até seria natural aparecer uma surpresa de vez em quando. Mas não, Copa do Mundo não tem zebra. Sempre é bom lembrar que só os campeões podem tocá-la.