O futebol brasileiro vai imitar o europeu. Era o que todo mundo queria. Afinal, eles são modernos, garbosos e vêm com cada vez mais facilidade tirar os jogadores brasileiros do seu país de origem. Mas não é sobre isso a que me refiro quando digo que iremos imitar o que se vive no Velho Continente.
A última janela de transferências mostrou que existem poucas equipes que ainda têm poder de compra para trazer um reforço de encher o aeroporto. O Flamengo repatriou Conca e trouxe um dos principais jogadores do Atlético Nacional, da Colômbia, o atacante Berrío.
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O Atlético Mineiro buscou, no Sporting, o volante Elias. O São Paulo se aproveitou da sobra de jogadores no Galo e contratou Lucas Pratto por R$40 milhões. Bom, e o Palmeiras nem se fala: Borja, Guerra, Felipe Melo e Michel Bastos. Melhor até parar por aí para não frustrar torcedores de outros clubes. Claro que, por enquanto, essa diferença ainda é apenas fora das quatro linhas, mas, na teoria, os jogadores e times citados antes têm tudo para serem os melhores do ano de 2017. Essa já era uma realidade quando Corinthians e Flamengo, donos das maiores torcidas, tinham supertimes no começo dos anos 2000, mas essa discrepância é cada vez mais frequente. O abismo financeiro deve-se, principalmente, aos patrocínios e cotas de TV.
Tomando como exemplo as informações divulgadas pelo SporTV, o Palmeiras recebe R$ 172 milhões juntando ambos montantes. Flamengo e Corinthians recebem quase a mesma coisa apenas com cotas. Soma-se a qualidade dentro de campo com o poderio financeiro e temos equipes que vão se tornando imbatíveis. O futebol brasileiro está criando Bayern’s de Munique, Reais Madrid e Barcelonas. As ligas europeias internamente estão divididas em turmas. A supremacia e as conquistas acabam ficando sempre com os mesmos times. Claro que há exceções como o Leicester na última Premier League e o RB Leipzig na Bundesliga de 2017.
A tônica começa a parecer a mesma aqui no Brasileirão e na Copa do Brasil. O Palmeiras, nos últimos cinco anos, venceu três títulos nacionais. O Corinthians ganhou em duas oportunidades, e o Galo, em uma. O medo é que o futebol brasileiro vire o europeu e, desculpe, isso não pode acontecer pelo bem de Grêmio e Internacional.