Segunda-feira chuvosa em Porto Alegre. As portas do Gaúcha Sports Bar ainda estão fechadas para o público quando a equipe de Esportes integrada de Zero Hora e Rádio Gaúcha recebe Paulo Roberto Falcão, 63 anos. Ele cruza o Viva Open Mall com a elegância dos tempos em que usava a camisa 5 do Inter e da Roma. O olhar, atrás do óculos, mira o horizonte como fazia com a bola no pé, sempre vislumbrando as possibilidades que os espaços no campo lhe ofereciam. Mas Falcão deixa isso guardado em um canto lá do passado de craque da Seleção. Prefere falar do presente, da vida de técnico, da paixão pela estratégia, do culto à tática e das conversas com grandes nomes das casatamas do outro lado do oceano, como o italiano Carlos Ancelotti, o português José Mourinho e o catalão Pep Guardiola. Em quase uma hora e meia de conversa, Falcão não refugou tema algum. E fez revelações. Confira trechos a seguir.
Você tinha carreira consagrada como comentarista. Por que virar técnico? É uma obsessão?
Um dos primeiros a me perguntar por que queria tanto ser técnico foi o Cleber Machado. O Galvão Bueno dizia que eu tinha de ser treinador, pela convivência, pela experiência, pelas viagens, pelos treinos que vi, pelos treinadores com quem trabalhei. Sempre me incentivou. E o Cleber questionava. Como jogador, tive sucesso. Depois, fiz grife de moda e ganhei prêmio em São Paulo. Aí fui ser comentarista. Enfim, em tudo que fiz, tive relativo sucesso. A única coisa que ficou engasgada...
Como foi começar na Seleção?
Sempre pensei que, se tivesse de começar a treinar alguma equipe, teria de ser a Seleção Brasileira. Não sou de pensar pequeno. Assumi depois da Copa de 1990. Tínhamos dificuldades com jogadores brasileiros. Fiz um laboratório de seis meses visando à Copa América e ao Mundial. Apareceram Cafu, Márcio Santos, Leonardo, Mauro Silva, o Adílson, que era do Inter e depois o Grêmio pegou, o Cleber, zagueiro. A ideia era uma Seleção que jogasse quarta e, no domingo, os torcedores vissem os jogadores em seus clubes. Naquela época, se convocava mais os europeus. O Carlos Alberto Parreira me agradeceu demais depois. Disse que fiz um trabalho que ele demoraria dois anos para realizar. Não dá para fazer experiência e querer ter resultado, isso eu não conheço.
Quando surgiu o interesse em ser técnico?
Nunca fui de jogar de intuição. Algumas coisas, fiz assim. Mas sempre fui de jogar sabendo. Tipo aquele cara que toca de ouvido, sabendo as notas. Sempre fui de jogar sabendo as notas. O que é isso no futebol? Nos primeiros cinco minutos, caminhava. Isso aprendi na Itália, que tem cultura tática que não temos. Ficava olhando como o adversário se mexia. Tinha pensado antes do jogo. Mas, nesses cinco minutos, via se o que tinha imaginado acontecia. Sempre tive esse lado treinador quando jogava. Uma vez o (Rubens) Minelli foi entrevistado pela Placar e colocaram para ele que quase todos os ex-jogadores dele haviam virado técnicos. Ele disse que o único que poderia ter um grande sucesso era o Falcão. Naquela época, nos anos 80, eu tinha parado de jogar. Mas ainda não tinha treinado a Seleção. Perguntei ao Minelli por que disse isso. Ele respondeu: pelas perguntas que você fazia na palestra. Sempre gostei de tática, de estudar.
Como técnico você sempre cuidou das categorias de base?
Tinha um ano de contrato na Seleção. Fiz esse laboratório para criar uma situação. Ali sim era a renovação. Era uma safra complicadíssima. Tanto é que dei oportunidade ao Dener com 17 anos. Coloquei-o em um Brasil x Argentina em Buenos Aires. Nesse negócio de trabalhar com a gurizada eu vou bem, conheço. Fui jogador de base e sei como funciona. Mas tem de saber lançar. No América, do México, tive de botar os guris. Foi quando apareceram Lara, volante, Villa, lateral, e o mais conhecido, que é o Cuauhtémoc Blanco. Eles tinham 17 anos e foram titulares da seleção mexicana por muito tempo. Lancei-os porque não tinha mais gente. É algo de que sempre gostei e achei que tinha de continuar. Cheguei ao América na metade do campeonato, tentei renovar e não consegui. Mas chegamos à final da Concacaf, que agora leva ao Mundial. Saí e não fiz a final, em jogo único. O América fez 1 a 0 e foi campeão.
Como virou comentarista?
Estava pensando em fazer um talk show. Negociava quando entrou o Ranzolin (Armindo Antônio, ex-narrador da Gaúcha e sogro de Falcão). Ele disse para eu começar na Rádio Gaúcha. Entrei na RBS em 1996. Depois veio o comentário no Jornal do Almoço, a coluna em ZH e o programa de sábado na Gaúcha, além de comentário nos jogos. Em seguida, veio a Globo.
Você sentia falta de estar em campo, dentro do futebol?
Eu sentia que fazia falta. Eu estava feliz, circulava em grandes hotéis, jogos de Seleção, jogos importantes. Tinha tudo. As pessoas acham que é fácil, mas não é fácil ser jornalista. Ainda mais na Globo. Você tem de medir todas as palavras que fala. Tem gente que faz a crítica da crítica. Não é fácil, tem de se preparar. Mas é infinitamente mais difícil ser treinador. Pelas variáveis, o periférico, tudo aquilo que envolve. Você tem 30, 35 jogadores com os quais precisa lidar.
Como foi voltar à área técnica?
Veio o convite do Inter. Era em Porto Alegre, em casa. Aconteceu tudo aquilo da parte política, que todos sabem (o presidente Giovanni Luigi demitiu o vice de futebol Roberto Siegmann). Fui para o Bahia. Fomos campeões baianos depois de 11 anos. Chegamos entre os oito na Copa do Brasil. E isso foi me comichando ainda mais. Quando fui para o Sport, assumi em situação parecida à do Inter agora. Estava a quatro ou cinco pontos do Z-4. Mas senti que dava para organizar. Fizemos, segundo eles, a melhor campanha do Sport nos pontos corridos. Nos últimos 10 jogos, só foi inferior à do Corinthians, o campeão. Faltou uma vitória para ir à Libertadores. E me deu mais vontade de ser técnico.
Você sempre procurou fazer intercâmbio no Exterior?
Estive com o Ancelotti (Carlo, técnico do Bayern de Munique), o Mourinho (José, técnico do Manchester United), o Montella (Vincenzo), que fez boa campanha no Milan. Sempre achei que não temos cultura tática. Não tivemos essa preocupação. A explicação é simples: sempre tivemos talento. Essa é nossa história. Tu paras em um campinho e não olha aquele que toca de primeira, mas o que bota no calcanhar. Nunca houve preocupação, como se está tendo nos últimos anos. E aí entra o treinador.
Como é ficar sem treinar?
Há coisas básicas para mim. Quando vou trabalhar em um time, preciso saber do objetivo e o do que precisa para alcançá-lo. Aí, digo: “Com este grupo não vai dar. Tem como contratar?” Se não tem, agradeço o convite. Não tem como fazer milagre. Peguei Bahia e Sport em momentos difíceis. O Bahia não ganhava estaduais havia 11 anos. Tenho de olhar para o time e sentir que dá para tirar mais. Quando digo não é porque não vou tirar mais. Foi a conversa que tive com o presidente do Goiás. Disse que tinha de contratar. Isso antes da queda (à Série B). O Inter não tinha um cenário perfeito. Estava cheio de dificuldades, não via tanto os jogos. Mas lia. Vocês mesmo falavam. Vi um ou dois jogos do Inter. Estava direcionado a outros times que eu tinha mais chances de assumir. Times em dificuldade, mas com potencial, que estavam sem técnico e procurando. Tenho de olhar os que posso assumir.
Falcão deu certo como técnico?
Pergunto: o técnico que trabalha há 20 anos e ganhou um campeonato só é bom? O Arsène Wenger, no Arsenal, ganhou vários. Lá, o perfil é diferente. É valorizado pelos jogadores que busca. A cabeça é diferente da nossa. Aqui, tem treinador, e não critico ninguém, que trabalha há 20 anos e ganhou só um campeonato. Aquele apontado como um dos maiores da nossa história, o Telê Santana, ganhou o Brasileirão em 1971, com o Atlético-MG, e só foi ganhar de novo com o São Paulo, em 1992. Essa é a relação que faço. Me deem cinco anos. Deixem eu montar o time. Gostaria de começar o trabalho. É difícil, o futebol tem algo chamado periférico. Você precisa ter tempo. Vi uma declaração do Muricy (Ramalho, técnico), com a qual concordo: o problema no Brasil é a gestão amadora. Você precisa ter uma pessoa com a capacidade no clube de olhar o jogador treinando e, mesmo com o time em má fase, ver que pode dar resultado. Como o Andrés Sanches com o Tite, no Corinthians. Ou Fábio Koff e Felipão. É preciso alguém do ramo.
Como você analisa suas demissões no Inter?
Em 2011, foi política. Agora, não fiquei chateado. Mas tenho convicção de que futebol é continuidade. Quando se dizia, inclusive no Inter, que tinha de ganhar, isso todo mundo sabe desde que o futebol começou. Mas, se você tem cinco jogos, mais 19 do returno, não tem de priorizar ganhar, e sim montar um time que começará a ganhar e terá desempenho. Se não vira eletrocardiograma. Esse era o meu objetivo. O único jogo que tínhamos de ter ganho foi contra o Fluminense, em casa. Tomamos um gol a 40s, no Beira-Rio, o que complicou tudo.
Sua saída teve a mão de Fernando Carvalho?
O Fernando me ligou um dia depois da demissão. Primeiro, para dar um abraço. Sabia como era ruim ser demitido do Inter. Depois, para dizer que não foi ele quem me tirou. Também não é o caso de saber se teve dedo dele. Penso futebol de um jeito diferente do dele. Mas não quer dizer que ele está certo ou errado. O desafio do técnico é fazer o time jogar bem. É ganhar, claro, mas jogando bem. Senão, vira dado estatístico. Claro que achava que tinha de contratar. O Inter tem bons jogadores, mas jovens. Daria mais peso, não só de idade, mas de chegada. Havia dificuldade na lateral esquerda, todos com potencial, mas muitos criticados. Precisava de reforços, mas isso não foi possível. Eduardo Henrique veio depois. Nico não havia chegado. O Seijas estava machucado. Dourado e William, na seleção. Danilo Fernandes não jogou. Com todos à disposição, o Inter cresceria. Eu queria construir um time que jogasse bem.
O Inter tinha um grupo insuficiente em 2011?
Usei uma palavra, no programa do Silvio Benfica, mas descontextualizaram. Disse: "Para ser campeão, o Inter precisa se qualificar". E usei uma expressão importante: "ainda mais". Qualidade, sabia que tinha, com D’Alessandro, Tinga, Damião, Guiñazu, Bolívar... Entendia que precisava ter mais dois ou três jogadores. Foi quando pedi o Lugano para a zaga, o Tardelli na frente. Esse é o perfil de jogador para o Inter contratar. Por isso, disse "ainda mais". Posso ter defeitos, mas tudo que não sou é burro. Vivi 40 anos dentro de vestiário. Se desse uma declaração como essa, tinha de mandar me prender.
Na sua visão, qual o caminho para formar um time?
Não conheço time que tenha sido campeão sem jogador bom. O jogador é quem faz a diferença. O que você precisa é organizar e casar características. Quando você pede determinados jogadores, é porque não tem um time. O mínimo, para um treinador, é saber do que precisa. Quando peço jogadores, peço pontuais. Para melhorar a qualidade. Vou contar um conselho do Fábio Capello para o Felipão: "Só pega time bom para treinar, Felipão". Digo diferente: só pego um time se eu sentir que não está bem e pode melhorar. Quero fazer o início de temporada e ser cobrado no final.
Como você analisa o mercado brasileiro de técnicos?
Se acharmos que o futebol tem de continuar assim, estamos malucos, não sairemos do lugar. Temos coisas muito velhas enraizadas. Temos de contextualizar o momento do futebol brasileiro. O Tite teve quatro vitórias, mas é preciso calma. Vi coisas muito absurdas na comparação com o Dunga. Ele ganhou de seleções fantásticas quando assumiu. Não gosto da comparação. Não tenho procuração para defendê-lo, mas tem de dizer que ganhou da Argentina, da Itália. Também não acho legal quando o jogador diz que o time está mais organizado com outro técnico. No Inter, em 2011, no primeiro jogo após minha saída, perguntaram ao D’Ale se o time ganhou e jogou bem. Ele disse: "A gente já jogava bem com o Falcão. A diferença é que hoje a bola entrou". Isso é honesto. O futebol tem leis próprias.
O que você acha da entrada de técnicos estrangeiros no Brasil?
Não defendo reserva de mercado. Tomara que esses caras venham trabalhar no Brasil. E tomara que os brasileiros possam trabalhar na Europa também. No momento, não há? Ninguém tem resposta para essa pergunta. O Felipão trabalha na China, eu trabalhei no Japão, o Oswaldo de Oliveira e o Autuori também. A língua é difícil. O Ancelotti fez um curso correndo, para assumir o Chelsea. O Cruzeiro do Paulo Bento jogava bem, mas a bola não entrava. Não defendo brasileiro ou estrangeiro. Defendo a competência. Não dá para discutir Guardiola, Mourinho, Ancelotti. Não dá para discutir Sacchi, que mudou o futebol italiano.
Há quem diga que, por ter sido craque, você tem dificuldade em passar suas ideias no vestiário.
Minha relação com os jogadores? Nunca falo para eles do meu tempo. Nunca jogo dois toques. Brinco, mas nunca falo o que fiz. Sei que eles sabem, que já olharam. Uso minha experiência para ajudá-los. Tipo: "Gente, vamos chutar no gol, pé de apoio ao lado da bola. Joga o corpo em cima da bola: se chutar com o corpo para trás, a bola vai subir." Eles fazem e reconhecem.
O Inter vai cair?
O Inter ganhou muita força com a vitória sobre o Flamengo. Tem o Santa Cruz em casa. E aí eu sei de cor, porque foi quando eu entrei: sai para pegar o Palmeiras, recebe a Ponte, visita o Corinthians, recebe o Cruzeiro e fecha com o Fluminense, no Rio. São jogos vitais, contra times pesados. Mas os adversários, que são um fator importante, também têm jogos encrespados. Acho que não cai.
Você tem sido um crítico da arbitragem. Por quê?
Os árbitros erram e fica por isso mesmo. Não é nada com eles, mas contra a estrutura que os cerca. É errado o árbitro não ser profissional, como se fosse um atleta: com salário e rotinas física e técnica. Não faz sentido ter outro emprego. Nossa arbitragem segue amadora. E as coisas precisam ser mais claras.
Como assim?
Se a estrutura for profissional, o nível e também a legitimidade da cobrança aumentarão. Digo mais: o árbitro tem de dar coletiva pós-jogo. Qual o problema? É do tempo da ditadura esta proibição de árbitro falar e responder perguntas. Vivemos numa democracia em que, cada vez mais, todos têm de se explicar publicamente. No futebol, só o árbitro não fala.
DEZ ILUSÕES DO FUTEBOL
Em uma folha de ofício dobrada no bolso do paletó, Falcão trouxe anotado à caneta uma lista de alguns preceitos estabelecidos no futebol brasileiro que define como ilusões. Ao final da entrevista, pedimos a ele que revelasse o que batizou como "10 ilusões no futebol".
1 - O treinador tem de ter o vestiário na mão.
Não dá, né? Vamos combinar que um vestiário é muito grande: não dá para pegar. Falando sério: não é função do treinador dominar o vestiário como dizem, mas sim do diretor, do CEO. Isso de o técnico ter o vestiário na mão é uma grande ilusão. O vestiário é do jogador.
2 - Treinador tem de berrar à beira do campo.
Só se for necessidade do treinador. O jogador não entende, não ouve. E ainda fica confuso sobre o que o treinador de fato está dizendo. Fica meio um teatro do exagero, sem maiores efeitos práticos.
3 - Defender bem é encher o time de marcador.
Na realidade, o segredo é compactar o time, e não se encher de marcador. Fazer com que o teu zagueiro e o teu centroavante estejam em uma linha de 35 metros, 40 metros, diminuindo o campo e facilitando a ação defensiva.
4 - Fora de casa, tem de jogar mais fechado.
Quando você banca uma afirmação do gênero, na verdade está dizendo ao teu jogador que o teu time é inferior, e por isso tem de jogar mais fechado, todo recuado lá atrás. O que só valoriza o teu adversário em detrimento do seu time. É uma ilusão de humildade. Você tem de ter padrão de jogo, em qualquer lugar.
5 - O chuveirinho.
Vamos atirar a bola lá no meio da confusão, dar bico para dentro da área de qualquer maneira, como único recurso ofensivo, aquela história de dar o "abafa". Às vezes, vejo muita gente dizendo que isso é jogada ensaiada. Mas enfim..
6 - Goleiro não pode sair com a bola no pé.
Eu sofri muito com dirigentes acerca desse tema. O único jogador que não é marcado é o goleiro. Vou repetir: o único. Todos os outros podem ser marcados. Quando você toca a bola no goleiro, ele joga. Treinei muito o Danilo Fernandes, no Sport: "Sai da área com a bola e joga".
7 - O chutão é uma ilusão de 10 segundos.
É só contar no relógio. Se você apenas se livra da bola, ela retorna em seguida para onde você está.
8 - Volante tem de ser só marcador.
Não dá, né? Você tem o zagueiro que dá chutão e o volante que não joga. E aí, como faz? O volante tem de jogar. Não gosto da expressão volante. Prefiro centromédio.
9 - Time campeão é feito de amigos.
No Inter de 1975 e 1976 havia jogador que não falava com o outro. O que precisa é solidariedade no campo. Jogador tem de ser solidário. Entrou no campo, são irmãos. Não precisa ser time de amigos. A instituição está acima de tudo. Dentro de campo, irmão gêmeo. Terminou, cada um vai para o seu lado.
10 - O grupo ideal é aquele com muitos jogadores.
Dois para cada posição bastam. Isso dá 20. Um quinto zagueiro, de preferência um garoto com futuro. E, dos outros quatro zagueiros, ao menos três que possam ser titulares, mais um para quebrar galho. E o garoto, que será titular daqui alguns anos. Um meio-campista e um atacante diferentes. Tu tens dois de qualidade e um que pode mudar o jogo. Um jogador grande, por exemplo. Dá 25. Mais três goleiros: 28. Esse é o número ideal.
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