Wendell estava hospedado com o Bayer Leverkusen em Monaco, pensando na partida pela Liga dos Campeõs quando seu celular tocou. Do outro lado da linha – e do oceano – estava Tite. Sem meias palavras, o técnico avisava-o de que ele estava convocado para o lugar de Marcelo, fora por lesão muscular dos jogos contra Bolívia e Venezuela, pelas Eliminatórias.
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Conversei com Wendell já perto das 23h no Principado. O lateral que brilhou pelo Grêmio ainda custava a acreditar que a esperada convocação para a Seleção Brasileira havia acontecido. Confira trechos da nossa conversa.
Qual é a sensação de ser convocado para a Seleção Brasileira?
De primeira, fiquei um pouco assustado. Mas tinha fé em Deus. Uma hora Ele iria dar a oportunidade de realizar esse sonho. Fiquei muito feliz, é uma oportundidade única. Agradeço a Deus, à minha família que está aqui comigo, aos meus pais e ao Londrina e ao Grêmio por conseguir vestir a camisa da Seleção. Esses dois clubes me deram a oportunidade para que hoje eu esteja aqui no Leverkusen.
Você estava cotado para a Olimpíada, mas acabou perdendo espaço com a lesão no tornozelo que o obrigou a passar por cirurgia em junho.
Foi um pouco difícil (a lesão), um processo que mexeu um pouco. Algumas pessoas me apontavam como nome certo para estar na Olimpíada. Infelizmente, não consegui. Mas continuei firme, tive fé. Batalhei quando me machuquei e hoje estou colhendo.
Você decidiu ficar na Alemanha nas férias para se recuperar. Como foi isso?
Eu optei por não ir ao Brasil para me recuperar mais rápído e ficar pronto a tempo de estar na Olimpíada. Fiquei um pouco triste quando vi que não alcançaria a seleção e tinha aberto mão das férias. Me senti abatido mesmo. Fui tirando forças de onde não tinha. Mas, mais uma vez, tive a ajuda da minha mulher e do meu filho, dos meus pais. Isso fez com que melhorasse cada dia mais. Comecei a pré-temporada duas semanas depois do restante do grupo. Foi um momento difícil, mas hoje vejo que valeu a pena todo o esforço.
Talvez se tivesse vindo ao Brasil não estaria pronto para ser chamado agora, não?
Sim. Rompi o ligamento do tornozelo. Levaria o mesmo tempo de recuperação com cirurgia ou tratamento conservador, seis semanas. Os médicos explicaram que havia o risco de lesionar de novo caso fizesse só tratamento, voltaria com menos confiança. Optamos por operar. Voltei a treinar em 10 semanas sozinho e em 14 com o grupo.
Você chegou a perder jogos?
Só não joguei os dois primeiros amistosos do ano. Atuei nos dois últimos e, desde o início das competições, só fiquei de fora na Copa da Alemanha porque estava suspenso. Na Bundesliga, atuei em todos.
O Tite mesmo que ligou para você?
O Tite conversou comigo, sim. Foi hoje (segunda-feira). Me deu os parabéns e disse para continuar assim, motivado, nos jogos que terei até a apresentação, no domingo.
Com foi atender ao telefone e estar do outro lado o técnico da Seleção?
Eu não esperava. Sempre tem aquela ponta de esperança, mas confesso que fiquei surpreso com o telefonema dele. Foi uma surpresa boa, de alívio, alegria e agradecimento. Às vezes acho que é um sonho. Só que ele se tornou realidade (risos). Deus nos honra nos momentos mais complicados. Tive oportunidade de ser convocado, e agora é mostrar o trabalho lá (na Seleção) e ficar concentrado sempre, fazer o melhor para poder ser lembrado.
O pessoal do Bayer Leverkusen comemorou muito?
Estava na concentração aqui em Mônaco, vamos jogar nesta terça-feira pela Liga dos Campeões. Eles queriam que eu falasse para o grupo, discursasse, já que era a primeira convocação. Mas disse que não, que já havia falado quando havia chegado (risos).
*ZHESPORTES