A Associação Brasileira de Executivos de Futebol (Abex) se reúne na segunda- feira na sede da CBF, no Rio. Promete discutir o mercado de trabalho da categoria, que conta com mais de cem profissionais no Brasil. Um dos fundadores da Abex, Newton Drummond, o Chumbinho, fala sobre a realidade dos executivos no Brasil. Ele trabalhou no Inter e conta 16 títulos no currículo. Acompanhe a nossa conversa:
Qual o real poder do executivo no mercado da bola?
O mercado essencialmente é político. Ainda está distante do profissionalismo. O caso do Paulo Pelaipe é exemplar. Ele é um grande profissional, conhece jogadores, mas não é cogitado pela atual direção do Grêmio porque trabalhou com o presidente Paulo Odone em outra gestão. A política de clubes não pode interferir nesses casos.
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Fale sobre o verdadeiro papel do executivo num clube?
Todo mundo imagina que é o executivo que contrata o jogador, o craque. Errado. Quem contrata é o vice de futebol ou o presidente. O executivo pode sugerir, apresentar nomes, elogiar um lateral ou um zagueiro. Não será dele a caneta que assinará o cheque da compra. Ele não tem o poder para pegar um avião e buscar um reforço na Europa. No Brasil, alguns analistas de desempenho, não os executivos, começam a influenciar os dirigentes na hora da contratação, como se apenas números e nada mais definissem a qualidade de determinado atleta.
Como é o trabalho do profissional no clube?
Uma das funções prioritárias do executivo é tentar administrar bem, muito bem, o vestiário. Fazer uma gestão correta e profissional. Atacar os problemas e não deixar que, por exemplo, eles apareçam em campo na hora da decisão. Evitar que a mídia possa influenciar na performance de um jogador muito criticado. Cuidar do dia a dia. No caso da caxumba no Grêmio, a solução era vacinar logo todos. Como não foi feito, o Geromel pegou o vírus. A indecisão afastou o jogador de um jogo decisivo da Libertadores. Havia uma problema que não foi combatido na hora certa,
Como você avalia o mercado brasileiro?
É muito restrito. Nos clubes, as questões políticas sempre atingem o executivo. Interferem no trabalho. Nós somos profissionais. Politica quem faz é o outro dirigente. Estamos muito marcados por negociar com empresários ricos. Mas quem faz, quem fecha, não somos nós. São os dirigentes políticos.