Depois de completar um mês como novo presidente da Fifa, Gianni Infantino começa a dar os primeiros sinais de alteração na entidade após uma série de escândalos que arruinaram a credibilidade dos dirigentes que comandam o futebol mundial.
O próprio Infantino recebe críticas por causa da relação de confiança por ter sido, na Uefa, secretário-geral de Michel Platini, suspenso por oito anos pelo Comitê de Ética da Fifa em razão de pagamentos ilegais. A favor do suíço, o fato do nome dele nunca ter sido envolvido em qualquer notícia de irregularidade durante os 15 anos de trabalho no futebol europeu. É verdade que ele sempre foi um funcionário de alta capacidade técnica, e não tinha tanta necessidade de fazer política esportiva. Mas agora tem.
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E o início do trabalho começa a dar pequenos sinais de mudança. Medidas simples, como o anúncio dos salários dos dirigentes, serão feitas. Só agora, por exemplo, foi revelado que Joseph Blatter estava recebendo R$ 13 milhões por ano. Ainda não foi definido quanto Infantino vai ganhar, mas isso será divulgado. Questões importantes como a redução de gastos (incluindo os vencimentos do novo presidente) e o uso adequado das verbas destinadas ao desenvolvimento do futebol pelo mundo deverão ser acompanhadas com atenção. Até porque é urgente que a Fifa pare de gastar milhões em promoções como eventos e congressos luxuosos em hotéis cinco estrelas para se vangloriar de algo que nunca foi.
A sua função primordial é o desenvolvimento do esporte. Um exemplo claro seria exigir e fiscalizar a utilização do dinheiro destinado aos países sem tradição no futebol para montar escolinhas, em vez de "comprar" o voto do presidente da federação local com a mesada. Falando nos badalados congressos, o próximo será em maio na Cidade do México e nele será discutido outro ponto fundamental, que é como vai acontecer a escolha da Copa de 2026. Depois de casos de propinas pagas a membros do Comitê Executivo, o desafio será fazer um processo justo e limpo.
Dentro de campo, este deverá ser o primeiro mundial com 40 seleções. Uma ideia que parece baseada no aspecto eleitoral, e não técnico. Sobre isso, Infantino, agora um político, começou a rodar o mundo. Na semana passada, visitou quatro países africanos e depois veio para a América do Sul. Promete que vai recuperar a imagem da Fifa. Inclusive buscando restituição financeira dos antigos dirigentes corruptos que tomaram dinheiro da entidade. Bem que ele poderia começar cobrando o seu amigo Michel Platini.
*ZHESPORTES