Pegue o pessimismo verde e amarelo, atravesse a fronteira e pinte-o de azul e branco. Adicione uma pitada de drama - que os portenhos gostam tanto -, una o batalhão de desfalques argentinos e não esqueça o tempero principal: Neymar. Está pronta a receita para transformar o Brasil em favorito no clássico desta quinta-feira, às 22h de Brasília, no Monumental de Núñez.
Depois do chilique diante da Colômbia que lhe tirou da Copa América e das duas primeiras rodadas das Eliminatórias, o principal jogador brasileiro retorna justamente no maior clássico do continente. E mete medo em nossos vizinhos.
O complexo de vira-latas do brasileiro, denunciado por Nelson Rodrigues, se manifesta a pleno com sotaque castelhano. Impressionante ver como somos, ao mesmo tempo, rivais e semelhantes. A presença do nosso craque e a ausência de Messi, o craque deles - além de outros tantos como Tévez, Agüero, Pastore, Garay e Zabaleta - sustenta a crença de que um desastre argentino é iminente no clássico de logo mais.
Ao analisar o adversário desta quinta, comentaristas daqui, em um debate na Rádio La Red, se desmancharam em elogios ao atacante que encantou o mundo com o gol do último final de semana diante do Villarreal.
- O Brasil tem muitos jogadores bons, mas só de ter Neymar já está na frente - disse um dos debatedores.
- Eu gosto muito do Willian. E o Douglas Costa? Que momento espetacular! - completou outro.
Quando são lembrados do golaço com direito a chapéu e voleio da estrela rival, os hermanos suspiram. Rendem-se ao talento. São amantes do bom futebol.
- Viste aquele golaço? Jogou a bola pra cima e...- o vendedor de jornais Sérgio Degaray completa a frase com um assobio para indicar o brilho do lance ao amigo Julián Hernández, garçom em um café próximo ao hotel da Seleção.
- Ele está mais objetivo. Quando dá um chapéu assim e faz o gol, em vez de só ficar brincando com a bola, aí é que ele cresce - responde Hernández.
Nos jornais se vê o respeito que Neymar conquistou. No diário Olé, por exemplo, o repórter Juan José Marón escreve que "o desafio da seleção argentina é pará-lo". O colunista Martin Eula vai além e diz que o astro adversário é "a principal atração do clássico".
Em frente ao hotel da Seleção, na tarde de ontem, Antonella Bartolani, 18, provava a tese de Eula. A estudante de turismo argentina vestia a camisa do Santos e estava à espera de seu ídolo. Diz ter se encantado com ele há quatro anos, quando ainda defendia o clube paulista. Só se agarra à rivalidade quando escolhe o placar que quer ver na noite de hoje:
- Que o Neymar faça um gol, e que seja 2 a 1 para a Argentina.
*ZHESPORTES