Quando o Brasil orientava os passos da Fifa, quando João Havelange viajava com passaporte diplomático, senhor feudal do futebol de 209 países, entre os anos 1970 e 1990, Ricardo Teixeira, a partir do novo século, sempre foi tratado como o número 2, sucessor do presidente. Ocuparia o posto do suíço Joseph Blatter em Zurique com naturalidade. Bastava fazer os arranjos necessários, simples jogo político de interesses.
Cinco confederações apoiavam os brasileiros, menos a Europa. Não foi Havelange que ofereceu voz alta aos dirigentes africanos, asiáticos e latinos na ONU da bola na Suíça? Foi. Só saiu da cadeira quando quis.
Quando a sucessão de escândalos soterrou a imagem de Havelange, de Teixeira e dos sócios de sotaque espanhol, a Fifa e as aliadas regionais, Conmebol e CBF, precisaram convocar os coadjuvantes da histórica dupla brasileira. Deparou com José Maria Marin, preso no Fifagate de maio, e Marco Polo Del Nero, que não sai mais do país com medo da FBI.
Não havia outros quadros mais ou menos qualificados. Os sucessores de Havelange e Teixeira não passavam de aprendizes. Um caiu em três anos. Acossado, o segundo ainda resiste.
Com eleições marcadas, com dirigentes históricos sendo varridos pelo Fifagate, as novas lideranças não estarão sob influência brasileira. O país não conta mais no jogo político do futebol, nem no mau sentido, como era, nem no ético, como deveria ser. Não há referências, nomes, articulações. Zico nunca foi considerado, nem deveria, assim como Pelé - eles não têm representatividade, força política, não representam ideias, instituições. Nem na corrupta Conmebol, com sede no Paraguai, o Brasil conta.
O mundo do futebol não quer mais saber do Brasil que produziu Havelange, Teixeira, Marin e Del Nero.
*ZHESPORTES