O desemprego no futebol gaúcho, mostrado na reportagem de Diário Gaúcho e Zero Hora, vai se agravar a partir de hoje, com o fim da Divisão de Acesso, e será levemente atenuado quando começarem as copinhas opcionais do segundo semestre.
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A maior parte dos clubes do país fica mais de meio ano sem atividade. Os grandes times jogam demais, os pequenos, de menos. Daí o desemprego anual de jogadores, técnicos e preparadores físicos, sem falar do que gira em torno do futebol, do radialista ao pipoqueiro.
Tem sido assim desde que o Campeonato Brasileiro passou a ocupar a maior parte da temporada. O que não está errado, pelo contrário. Só no Brasil há Estaduais. Era um disparate o que acontecia até os anos 90, quando o Brasileirão durava só três ou quatro meses. Hoje, o Estadual é quase um estorvo para os grandes e curto demais para os pequenos. A saída é conciliar essas duas realidades.
O Brasileirão tem de ser ainda mais longo, com jogos aos finais de semana e respeito às datas Fifa. A Série C precisa seguir o modelo da A e da B, em pontos corridos; se isso for inviável, ter dois grupos regionalizados de 14 ou 16 clubes, não apenas 10. Mais jogos, mais calendário.
Para os demais clubes, a saída são Estaduais mais longos, base da pirâmide do calendário nacional. Seriam disputados paralelamente ao Campeonato Brasileiro, sem as participações dos times das séries A, B e C, durante, pelo menos, 30 finais de semana.
Além do título, cada Estadual serviria como classificatório para a Série D e para a Copa do Brasil do ano seguinte. A quarta divisão nacional continuaria a ser disputada em grupos regionalizados, mas com jogos apenas às quartas e quintas-feiras (nas mesmas datas de Libertadores da América e Copa Sul-Americana), paralelamente aos Estaduais.
Na abertura da temporada seguinte, em dois meses, no máximo, os melhores de cada Estadual disputariam um supercampeonato com os clubes da A, B e C. Aqui na aldeia: Gauchão com 16 times, SuperGauchão com 10 (5 + 5).
Infelizmente, ainda há dirigentes que apostam em um jogo em casa contra a dupla
Gre-Nal para salvar o ano. Colocam o ingresso a R$ 100 e, na sexta-feira, descobrem que o adversário virá com time reserva. Bem-feito!
O Estádio Altos da Glória lotado, ontem à tarde, para comemorar o título do Glória, sugere outro caminho: calendário e autonomia.