Um ano depois, a causa do acidente de helicóptero que matou Fernandão, em um braço do Araguaia, segue um mistério. A tragédia que vitimou o capitão colorado e mais quatro pessoas, em Aruanã (GO), ainda segue sob investigação. O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) tem ainda mais um ano de prazo para concluir o laudo no Esquilo AS 350BA, que pertencia à Planalto Indústria Mecânica Ltda, empresa do ex-jogador de 36 anos e de seu sócio, Alberto Nunes.
Um erro humano ainda é a possibilidade mais plausível para a tragédia. Ao decolar de madrugada, em um local ermo, sem heliponto, nem iluminação adequada ou com a sinalização necessária, após voar cerca de 300 metros, o piloto Milton Ananias teria confundido uma extensão da praia formada pelo período de seca no Araguaia com o céu, e se chocado direto com o solo, sem bater em nada no ar.
- Já foram realizadas perícias no motor e nas hélices do helicóptero, na França e no Rio de Janeiro, mas elas ainda não foram encerradas. São laudos especiais, que demoram a ficar prontos. E o laudo da Polícia Técnico-Científica só poderá ser concluído quando o Cenipa terminar o seu. É possível que tenhamos uma solução somente no ano que vem - disse a delegada da Polícia Civil de Aruanã, Bruna Coelho, responsável pelo inquérito do acidente.
Segundo a delegada, o único laudo concluído até agora foi o do IML (Instituto Médico Legal), que não encontrou qualquer vestígio de álcool ou drogas no organismo do piloto. Não se descarta, porém, o cansaço de Ananias, que já havia voado durante o dia com o grupo a fim de levá-los a uma fazenda, onde passaram o dia pescando e passeando de lancha.
- Como o acidente ocorreu de madrugada, possivelmente por volta das 3h, em uma área deserta e sem iluminação, não houve testemunhas oculares. A aeronave estava regularizada, com as vistorias e as manutenções em dia. Não há o que fazer a não ser aguardar os laudos - afirmou a delegada.
Veja imagens do helicóptero após a queda
Projetado na França pela empresa Eurocopter e montado pela Helibras, em Itajubá (MG), o helicóptero Esquilo, prefixo PT-YJJ, não possui caixa-preta - a peça não é uma obrigatoriedade para esse modelo. O helicóptero foi encontrado em uma faixa de terra, a 150 metros do Rio Araguaia, ainda em meio à madrugada de 7 de junho, um sábado, quando tentava voar de volta à área central de Aruanã - distante aproximadamente 20km do local do acidente.
- Ainda não há um prazo para a conclusão do laudo da aeronave. Por enquanto, não há como associar o acidente com uma possível desorientação espacial do piloto (confundido o céu com a terra, devido à escuridão) - declarou o major Carlos Henrique Baldin, oficial do Cenipa.
Voar à noite ou de madrugada é pratica comum no Araguaia. Ainda mais no período de inverno, quando a falta de chuvas faz a água recuar, formando diversas pequenas praias ao longo do rio, e aumentando a procura pela região.
- Depois do acidente do ano passado, há uma preocupação para que se evite os voos nessas condições. Como há muitos helicópteros e barcos que acessam Aruanã principalmente no período de julho a agosto, existe o temor que novas tragédias aconteçam - comentou a delegada Bruna Coelho.
Além de Fernandão, estavam no voo naquela madrugada o piloto Milton Ananias, e os amigos do ex-jogador Antônio de Pádua, Edmilson de Sousa Lemes e Lindomar Mendes Vieira. Nesse domingo pela manhã, antes de Inter e Coritiba (marcado para as 11h), Fernandão será homenageado no Beira-Rio com uma missa a céu aberto, em frente a sua estátua. Além disso, no ingresso para o jogo estará impresso o número 9 (a camisa imortalizada pelo atacante) com a efígie de Fernandão.
Como ocorreu o acidente
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*ZHESPORTES