Diogo Olivier
Ela não é Nascimento como o do cinema, eternizado na telona pelo ator Wagner Moura. Mas tão capitão quanto ele. Ou melhor, capitã. Gaúcha de Santa Maria, advogada, 36 anos, dançarina de jazz, solteira, sem namorado, treinada em artes marciais combinadas, falante mas capaz se esquivar de temas nos quais boca fechada é sabedoria, Michele Maria Sagin da Silva é a primeira mulher a alcançar o oficialiato no 1º Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar, em Porto Alegre.
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Acostumou-se a esfarelar paradigmas. Entrar para o BOE, onde é preciso combinar tirocínio, fortaleza psicológica e potência física - esta uma virtude quase nunca associada a mulheres bonitas como ela - é apenas o mais expressivo. Mas há outros, prosaicos, que a gente nem imagina. Arrumar um jeito de aprisionar as longas madeixas cacheadas dentro do capacete é um deles. Diziam que teria de cortar o cabelo. Não cortou. Segue as regras de corporação no uso de maquiagem suave para os olhos verdes amendoados. Pois a capitã agora trabalha em jogos de Inter e Grêmio.
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A qualquer momento pode ser requisitada a atuar no corpo-a-corpo destas badernas de organizadas, cujas rixas já produziram mortes e depredação. "Se tiver que entrar, eu entro. Se o sujeito perceber que tu sabe, e eu sei, pode apostar que eu sei, ele recua na hora. Sou treinado. É só focar na técnica, não tem mistério". Eu é que não vou duvidar da dona da braçadeira.