Com as prisões e revelações das autoridades americanas sobre o mundo do futebol, inaugurou-se uma era de incertezas. Já não se sabe o que vai acontecer com as principais competições do mundo da bola, nem qual será o futuro de quem está no poder. Para tentar traçar possíveis cenários, ZH ouviu especialistas em direito, marketing e gestão esportiva. Confira.
Entenda os impactos...
...no futebol brasileiro
...no futebol sul-americano
...na Fifa
Copa do Mundo
Há quem creia que até o futuro da Copa do Mundo está sob ameaça por conta das repercussões do escândalo. E não apenas das próximas duas edições, cujos processos para escolhas de sedes são alvo de investigação da Justiça suíça.
O modelo do Mundial como evento de proporções nababescas pode estar com os dias contados. A ascensão da Uefa, que ganhou espaço a partir do enfraquecimento da Fifa, ameaça a posição soberana da Copa como principal competição do mundo futebolístico.
A queda de braço entre a entidade europeia e a internacional é antiga. Em uma versão resumida do embate, pode-se afirmar que a Uefa defende o fortalecimento do futebol de clubes, ancorada no sucesso da milionária Liga dos Campeões, enquanto a Fifa valoriza as seleções. A Uefa forte, portanto, significaria uma Copa mais fraca.
A hipótese do Mundial de importância reduzida ganhou corpo com a ameaça de Michel Platini, presidente da organização europeia, de que os países filiados à Uefa poderiam deixar a Fifa com a reeleição de Blatter. Assim, teríamos uma Copa sem potências como Alemanha, Espanha e Holanda, entre outros.
- Essa é uma oportunidade clara da Uefa ganhar força na queda de braço. Já imaginaram uma Copa no inverno do Oriente (em 2022, no Catar) e sem a presença europeia? É outro evento - acredita Eduardo Tega, diretor executivo da Universidade do Futebol, instituição que promove grupos de estudo e cursos presenciais e na internet.
- Vocês realmente acham que os países europeus não vão jogar a Copa do Mundo? Tratam o Platini como líder de uma mudança, mas ele apoiou a candidatura do Catar para a Copa de 2022 - contesta Amir Somoggi, consultor independente de marketing e gestão esportiva.
Ainda que com sua força ameaçada, a Copa de 2018 dificilmente sai da Rússia, tanto pelo tempo exíguo até o evento quanto pela importância política da potência.
- A Rússia assumiu uma posição de antagonizar as investigações. Vamos ver como isso vai evoluir. É muito difícil tirar a Copa de lá, um país com imposição política e aliado da Fifa - opina Anderson Gurgel, professor do Centro Universitário Mackenzie e autor do livro Futebol S/A - A economia em campo.
O caso de 2022 é bem diferente. Desde que o Catar foi escolhido como sede, pipocaram denúncias de compras de votos dos membros do Comitê Executivo da Fifa. No mesmo dia das prisões dos executivos, a Justiça suíça recolheu documentos na sede da entidade para averiguar o processo de seleção do país árabe.
Se as irregularidades forem comprovadas, há boa possibilidade da Copa mudar de local. Cogitou-se a Alemanha, com seus estádios modernos e infra-estrutura impecável. Fato é que tirar o Mundial do Catar seria bem mais simples para a Fifa do que bater de frente com os russos.
- Já seria difícil fazer a Copa no Catar. Há um problema de calendário, já que fazer no calor do verão de lá é algo impensável. Se a Fifa já teve problemas para fazer uma Copa no Brasil, por conta de uma legislação que proíbe bebida alcoólica no estádio, imagine em um país em que o álcool é proibido em qualquer lugar - pondera Gurgel..
* ZH Esportes