Eu estive por mais de 20 dias em Recife, capital de Pernambuco, acompanhando os jogos da Copa do Mundo. Da mesma forma que ocorreu em Porto Alegre, Recife recebeu quatro jogos da primeira fase da Copa e mais um das oitavas de final.
Por ser uma cidade de calor o ano todo e praia, Recife já estava preparada para receber os turistas durante a Copa do Mundo. Muitos taxistas que conversei, por exemplo, falavam inglês e espanhol.
Um ano antes, a capital Pernambucana, havia recebido a Copa das Confederações. Muitas coisas foram feitas como em todas as sedes da copa. Obras de ampliação de avenidas e viadutos, sistema de ônibus BRTs, ampliação do aeroporto, entre outros.
Quando cheguei em Recife, nos primeiros dias, parecia que a cidade ainda não vivia o clima de Copa. Mas, logo em seguida, com a presença de milhares de mexicanos que chegaram a cidade em um cruzeiro e também lotaram o aeroporto, os pernambucanos pareciam se despertar mais para a Copa. A cidade ficou mais colorida, com bandeiras do Brasil nas ruas, nos carros e por todos os locais do centro histórico e da praia da Boa Viagem, misturadas, claro, com bandeiras das seleções que passavam por lá.
A Arena Pernambuco, palco dos jogos, está localizada em São Lourenço da Matta, município vizinho de Recife que fica há cerca de meia hora do centro da capital. Em Recife fiz a cobertura para rádio Gaúcha, site da Gaúcha e para a Tv com, com a chega das seleções, das histórias de torcedores, da felicidade dos comerciantes e dos moradores, dos treinos, entrevistas com atletas e treinadores e de grandes jogos.
O primeiro jogo foi entre Costa do Marfim e Japão. Embora envolvesse duas equipes de pouca expressão, o jogo teve um segundo tempo surpreendente após a entrada do craque Didier Drogba que, quando anunciado, causou uma verdadeira explosão no estádio. Drogba entrou e deu outro ânimo aos africanos que fizeram dois gols em seguida e a equipe venceu os japoneses por 2 x 1.
A segunda partida foi entre Itália e Costa Rica. Foi nessa partida que os costa-riquenhos começaram a fazer a trajetória histórica que resultou na liderança do Grupo e mais tarde na inusitada classificação par as quartas de final de uma Copa. Um a zero para a Costa Rica que deu um banho de bola em Mário Balotelli e companheiros.
Na terceira partida, jogo importante em Recife da chave do Brasil: México e Croácia. Com a Arena Pernambuco lotada de mexicanos e de brasileiros apoiando, o México venceu a Croácia por 3 x 1. Uma grande partida, principalmente, no segundo tempo com a entrada de Chicharito Hernandez. O craque do jogo foi o zagueiro e capitão Rafael Márquez.
O quarto e último jogo da fase classificatória entre Alemanha e Estados Unidos foi cercado de suspeitas de ser um "jogo entre amigos", já que o empate classificava os dois times. Após um primeiro tempo morno, que resultou até em vaias para os atletas na saída para o intervalo, a segunda etapa foi melhor. A Alemanha forçou o jogo e venceu por 1 x 0. No final, como Portugal venceu Gana por 2 x 1, os alemães se classificaram em primeiro e os Estados Unidos avançaram em segundo.
E o último jogo que cobri foi das oitavas de final. Sem dúvida alguma, o jogo mais emocionante. De um lado Grécia, nunca antes classificada para as oitavas e do outro, a grande zebra da Copa, a Costa Rica. Os costa-riquenhos conquistavam todos pela alegria, pelo carisma dos atletas e do treinador e porque quebraram protocolos. Desciam no hotel para falar com torcedores e choravam como crianças após as vitórias. O país estava em festa e eles nem sequer imaginavam que aquilo estava acontecendo.
A Costa Rica venceu a Grécia nos pênaltis e passou para as quartas de final. Quando acabou, jornalistas que acompanhavam o jogo ao meu lado choravam de alegria sem acreditar no que viam. Presenciei um exemplo de como o futebol ainda é muito apaixonante. A Costa Rica passava de fase com jogadores que não vivem de glamour, não ganham salários extraordinários, mas que conseguiram fazer muito mais do que tantos outros jogadores milionários que, simplesmente, vieram para a Copa e foram embora do Brasil sem ter mostrado nada.