Em um evento que pode marcar o fim do reinado de quatro anos de Lionel Messi como o melhor jogador do mundo, a Fifa entregará nesta segunda-feira, em Zurique, a sua Bola de Ouro. O favorito é o português Cristiano Ronaldo, que, se confirmar a vitória, poderá se transformar na maior marca do futebol, com renda anual de 50 milhões (R$ 161 milhões). Mas a decisão, seja qual for, promete ser polêmica.
Na Alemanha, a percepção é de que se Frank Ribéry, do Bayern de Munique, não vencer a credibilidade da votação estará ameaçada, principalmente depois das acusações de que a Fifa mudou a data da eleição para favorecer Cristiano Ronaldo. E para muitos, como Ronaldo Fenômeno, Messi não deixou de ser o melhor do mundo. Já ao Brasil caberá apenas um papel de coadjuvante, seja com Neymar, Pelé, Ronaldo, Fuleco ou Fernanda Lima no palco.
Messi ganhou o prêmio entre 2009 e 2012, batendo todos os recordes, mas 2013 foi o ano de Cristiano Ronaldo. Até mesmo Fernanda Lima aposta no português, baseando-se nas conversas de bastidores que ouviu.
- É o que estão dizendo.
O craque do Real Madrid foi o último homem a ganhar a Bola de Ouro antes do reinado de Messi. Desde então, ocupa a posição de coadjuvante do argentino, o que o deixa visivelmente irritado. Em 2013, o português foi alvo de ironia do presidente da Fifa, Joseph Blatter, que criticou seu estilo de jogo "militarizado", e inaugurou seu próprio museu, apesar de estar longe da aposentadoria. Mas até os seus detratores tiveram de se dobrar à sua eficiência. Foram 66 gols em 56 jogos em 2013 - e Cristiano Ronaldo levou Portugal à Copa ao fazer quatro gols nos jogos da repescagem contra a Suécia.
O português, que levará a sua família inteira para Zurique, não foi individualista em 2013, quando o seu número de assistências foi exatamente o mesmo de Messi: 15. A conquista do prêmio pode fazer sua renda anual subir de 43 milhões de euros (R$ 139 milhões) para 50 milhões de euros. Isso o deixaria a poucos passos do rendimento de astros como Tiger Woods ou Roger Federer, algo inédito no futebol. A avaliação é da escola de marketing IPAM, de Lisboa.
Desta vez, o maior concorrente de Cristiano Ronaldo não parece ser Messi, que enfrentou muitas lesões ao longo de 2013, mas Ribéry. O francês foi fundamental para o Bayern de Munique conquistar tudo o que disputou em 2013. Ele foi eleito o melhor jogador da Liga dos Campeões da Europa e do Mundial de Clubes da Fifa. "ê agora ou nunca", disse o francês, antes de viajar para Zurique.
- A percepção na Alemanha é de que o prêmio não terá credibilidade se o Ribéry não vencer - contou o ex-jogador Ronaldo.
- Eles dizem que se alguém que ganhou tudo não vence o troféu, dúvidas sobre a sua validade poderiam ser colocadas - completou.
Mesmo que Ribéry não vença, o evento deve acabar com a supremacia espanhola. No último ano, os 11 eleitos para a "seleção mundial" jogavam na Espanha. Desta vez, os favoritos são aqueles que atuam na Alemanha, depois de a final da Liga dos Campeões ter sido disputada por dois clubes alemães (Bayern de Munique e Borussia Dortmund).
Seja qual for o vencedor, a Fifa vai para sua Festa de Gala com a imagem manchada. A entidade ampliou o prazo de votação ao notar que quase metade dos eleitores (técnicos, jogadores e jornalistas) não havia enviado seu voto. Para muitos, foi a prova da falta de credibilidade do sistema. Para outros, uma forma de permitir que os jogos da repescagem das Eliminatórias fossem considerados, o que favoreceria Cristiano Ronaldo.