Condenado em março do ano passado a 22 anos e três meses de prisão por quatro crimes, entre eles o homicídio triplamente qualificado da modelo Eliza Samúdio, o goleiro Bruno vive a expectativa de ser transferido da Penitenciária Nelson Hungria, localizada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Pelo menos esse é o desejo dos advogados de defesa do ex-jogador de Atlético-MG, Corinthians e Flamengo. O principal objetivo deles é que Bruno vá para a APAC, Associação de Proteção e Assistência aos Condenados, em Nova Lima. Já a segunda opção é uma transferência para o Presídio Regional de Montes Claros, o que poderia proporcionar ao goleiro a oportunidade de defender o time da cidade, localizada no Norte de Minas.
O Montes Claros, um dos 14 integrantes do Módulo II do Campeonato Mineiro, equivalente à Segunda Divisão do Estadual, cujo início será neste domingo, aguarda a decisão da Justiça de Minas Gerais sobre o pedido feito pela defesa do goleiro, hoje com 29 anos. A chance de Bruno voltar a atuar, no entanto, não vem sendo tratada como prioridade pelos advogados Francisco Assis Simim e Tiago Leonir. Ver Bruno na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados é a meta da dupla, que sabe: essa "missão" não será das mais simples.
A APAC é, por sua própria definição, "uma entidade civil de direito privado, com personalidade jurídica própria, dedicada à recuperação e reintegração social dos condenados a penas privativas de liberdade" e opera como "entidade auxiliar dos poderes Judiciário e Executivo, respectivamente, na execução penal e na administração do cumprimento das penas privativas de liberdade nos regimes fechado, semi-aberto e aberto". A Associação localizada em Nova Lima, também cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, tem capacidade para 86 detentos, segundo o seu site oficial. E, por ser considerada um presídio diferenciado, para que Bruno possa ser um dos seus integrantes, ele precisa, por exemplo, de bom comportamento e que familiares tenham residência fixa em locais próximos.
Segundo Tiago Leonir, essas duas questões não serão problema. Ingrid Calheiros, a noiva de Bruno, já tem residência na cidade de Rio Acima, que fica a cerca de 13 Km de Nova Lima. Sobre o comportamento do detento, no caso Bruno, uma briga da qual ele fez parte em abril do ano passado não é encarada como um complicador, pois o goleiro perdeu, como punição, apenas 59 dias trabalhados na Nelson Hungria.
- A (Penitenciária) Nelson Hungria não é um lugar para que ele cumpra a sua pena com dignidade, pois tem superlotação, por exemplo. E todos viram o que aconteceu no Maranhão (rebelião dos presos do Complexo de Pedrinhas). A APAC é um modelo no cumprimento da pena. O Bruno não é bandido, não é criminoso. Ele errou e tem que pagar a pena dele, mas isso precisa acontecer com dignidade - disse o advogado, que aguarda uma posição da Justiça após os pedidos feitos, em contato com o LANCE!Net, antes de completar:
- Lá (APAC), ele terá todo o apoio psicológico e espiritual possível. E tem a questão da proximidade com a família, que é muito importante. Ele é favorável ao trabalho e tem trabalhado. Se ele for para lá, a cada três dias de trabalho, serão dois dias a menos de pena para cumprir.
Recurso para novo julgamento e regime semi-aberto
Com a pena atual, Bruno só poderá usufruir do regime semiaberto em 2020. No entanto, a defesa do goleiro trabalha para que isso aconteça ainda neste ano ou em 2015, assim como garantiu Tiago Leonir. Eles aguardam o julgamento do recurso para reduzir a pena de Bruno em dois crimes em que ele foi considerado culpado: a ocultação do cadáver de Eliza Samúdio e o sequestro de Bruninho, o seu filho com a modelo.
- Não existe prova nos autos que ele mandou ocultar o cadáver da Eliza. E é inadmissível que ele tenha mandado sequestrar o próprio filho. Vamos tentar um novo julgamento para o Bruno, o que diminuiria a sua pena e, automaticamente, garantiria um regime semi-aberto antes desse prazo (2020). Estamos aguardando.