Foi no próprio corpo, mais precisamente nos joelhos, que o judoca gaúcho bicampeão mundial e ouro no Pan do Rio/2007 João Derly encontrou os maiores adversários desde o final de 2009. Há quase dois meses de volta aos treinos, depois de passar por duas cirurgias no joelho esquerdo, levar um ano e três meses para se recuperar e sofrer uma lesão no direito durante a reestreia, Derly recomeça a busca por pontos. Com a proximidade do Pan de Guadalajara, admite que seu foco está na Olimpíada do ano que vem, já que terá mais tempo para se preparar para a competição.
- É uma fase que exige paciência. Estou atrás dos meus rivais e preciso voltar pontuar - comenta.
Para ir a Londres, João Derly precisa estar entre os 22 primeiros do ranking mundial e, ainda, ser o brasileiro mais bem colocado em sua categoria - até 73kg. É vital a soma de pontos em campeonatos internacionais. Recentemente, competiu no Grand Slam no Rio de Janeiro, mas foi eliminado na primeira luta por Rasul Boqiev, do Tajiquistão, bronze em Pequim/2008. Para o mês de julho, o judoca se prepara para duas etapas da Copa do Mundo da modalidade, uma em El Salvador e a outra na Colômbia.
Derly foi o primeiro brasileiro a ser campeão mundial no judô, título conquistado em 2005 e repetido dois anos depois. Em 2006, chegou ao topo do ranking mundial da categoria meio-pesado, até 66 kg. Aos 30 anos, 24 dedicados à modalidade, o judoca sabe o que é ser esperança de medalha para o Brasil. Conhece também o fator decisivo em todas as competições: o imprevisto. Em 2008, nas Olimpíadas de Pequim, estava cotado para subir ao pódio, mas acabou derrotado na segunda luta. Mesmo sem negar a frustração que sentiu na época, o atleta considera que esta condição faz do esporte uma atividade apaixonante.
- Um movimento errado pode colocar tudo a perder. E o esporte é gostoso por isso. Nunca temos certeza do que vai acontecer - relata.
O sucesso nos tatames faz de João um modelo para os judocas brasileiros. Na Sogipa, convive com atletas de diferentes regiões do país e que têm chances de competir nos Jogos Panamericanos e nas Olimpíadas, como o paulista Felipe Kitadai e a pernambucana Taciana Rezende. A troca de experiências entre gerações é fundamental, segundo o gaúcho, para o aprendizado dos novatos e dos mais experientes. Conhecedor do clima do Pan, deixa sua dica para quem pode estrear nele:
- É preciso concentração porque é uma competição difícil, com as principais equipes de cada país. Mas não se compara a um campeonato mundial - ilustra.
Sobre previsões de encerrar a carreira e planos futuros, o judoca não sabe o que dizer. Não se imagina sem o esporte e ser treinador é apenas uma possibilidade. As únicas certezas são de que ele não para de lutar antes da Olimpíada, no ano que vem, e que, quanto mais tempo passa, mais vontade ele tem de ir além.
- A decisão de parar é muito difícil. Sempre acho que posso fazer mais - completa.
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João Derly mira a Olimpíada de Londres
Retorno recente de lesões e proximidade do Pan dificultam ida a Guadalajara
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