
Passei a quarta-feira nervoso. Ansioso. Contando as horas para chegar em casa, ligar a TV e assistir a partida. Por supuesto, não era um jogo colorado – que nós não estamos envolvidos nos grandes embates de quarta-feira à noite neste semestre -, tampouco queria secar os azuis. Queria, mesmo, assistir ao D'Ale defender o seu River Plate diante do São Paulo no Morumbi.
Ver Andrés em campo é como torcer por um amigo à distância. Nesses últimos sete anos por aqui, o argentino passou de bom jogador para craque, de craque para referência do time e, daí, para o status de ídolo. D'Alessandro virou sinônimo de Inter e o próprio clube passou a ser reconhecido como "o Inter de D'Alessandro" nos noticiários esportivos nacional e internacional. Se um ídolo deixou de vestir vermelho em 2008 (quando Fernandão foi para as Arábias), um novo ícone chegou no mesmo ano. E foi aí que ficamos mal acostumados.
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São raros (raríssimos) os casos de identificação e idolatria tão fortes quanto as de Fernandão e D'Alessandro com o Internacional. No futebol brasileiro dos últimos anos, não fechamos uma mão de casos semelhantes. E nós tivemos dois, um logo em seguida do outro. De 2004 até a Recopa Gaúcha contra o São José, tínhamos em campo uma referência, um jogador que atuava como espécie de embaixador colorado pelos campos. Defendia o clube, o time e a torcida.
Hoje não temos nada sequer perto disso.
Em um time em reconstrução, perderam-se as referências técnicas, as vozes experientes (Alex, que tem história o suficiente para desempenhar este papel, participa cada vez menos das partidas). Nós, que na última década nos acostumamos a ter incontestáveis e gigantes ídolos dentro de campo (e, é claro, isso não se resume a Fernandão e D'Ale), agora temos um time normal. Como os outros torcedores se acostumaram a ter.
Não que eu veja nisso grande tragédia ou terra-arrasada. Constato, tão somente, que tivemos a sorte e o privilégio de ter aqui, em sequência, caras que ficarão para sempre marcados na nossa história. Sinto que levará um bom tempo até que elejamos novos ídolos da importância deste que atua, nos jogos importantes de quarta-feira à noite, pelo time de Buenos Aires.
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