Edward Owen ainda não era nascido quando a Inglaterra chegou à semifinal da Copa do Mundo pela última vez. O jovem intercambista britânico, natural de Birmingham, só veio ao mundo sete anos após a derrota do seu país para a Alemanha, em 1990. Nesta quarta-feira (11), Ed reuniu-se com amigos de diferentes nacionalidades na casa de estudantes onde vive desde fevereiro, em Porto Alegre. Bem humorado, conta que assistiu todos os jogos do English Team neste Mundial da mesma forma: no sofá, enrolado na bandeira branca e vermelha – ritual repetido para o confronto contra a Croácia.
Aos poucos, os sorrisos e histórias de Edward deram lugar ao nervosismo de quem estava prestes a disputar uma vaga na decisão do torneio de futebol mais importante do mundo. "God save the Queen / Send her victorious, happy and glorious / God save the Queen", cantava baixinho, com os olhos vidrados na TV, durante a execução do hino nacional.
Bastou a bola rolar para ficar claro que não são muitas as diferenças entre torcedores brasileiros e ingleses. Logo aos três minutos, Dele Alli foi derrubado por Luka Modric na entrada da área.
– Ref! Ref! – gritou, exigindo que o árbitro, o "referee", marcasse alguma coisa.
E a marcação veio. Assim como o gol. Na cobrança, Trippier colocou a bola com maestria no ângulo esquerdo de Subasic, que nada pôde fazer.
A vantagem no placar não foi suficiente para acalmar Edward, que levantava aflito a cada investida da equipe inglesa no campo de ataque.
—Vai! Yes! Vai! Yes! — implorava aos jogadores, misturando seu idioma de origem com o do país que foi seu lar nos últimos cinco meses.
— Ainda faltam 45 minutos. Eles (os croatas) vão ter que jogar melhor agora — alertou, como se soubesse o que estava por vir no segundo tempo.
Na metade da segunda etapa, a preocupação do estudante foi justificada. Após cruzamento da direita, Perisic antecipou-se a Walker e bateu no canto de Pickford para marcar o gol de empate e mandar o jogo para a prorrogação. Uma punhalada no coração britânico, que ganhou mais 30 minutos de sofrimento.
No tempo-extra, as reações do inglês foram mais discretas, assim como as chances criadas pela equipe de Gareth Southgate. A 12 minutos para o final, o gol de Mandzukic trocou o olhar de apreensão estampado no rosto de Ed pela tristeza de quem chegou tão perto e acabou caindo pelo caminho. Com as duas mãos sob o queixo, seguiu em silêncio até o apito que garantiu a Croácia como adversária da França no próximo domingo, em Moscou.
Com o fim do semestre na faculdade, Edward se despede do Brasil nesta quinta-feira (12), quando embarca para Cuba, antes de viajar por alguns países da América do Sul. Não levará do Brasil a tão sonhada vaga na final da Copa do Mundo, mas foi aqui em Porto Alegre que assistiu ao seu país conseguir a melhor campanha dos últimos 24 anos.
— Tô muito triste, mas a gente não esperava chegar até aqui. No fim, temos uma geração muito boa e um bom futuro pela frente — avaliou.