O sucesso no aprendizado de uma criança ou de um jovem passa por diversas variantes. Nesse conjunto de aspectos, está a saúde mental. E, hoje, não é incomum que nas salas de aula os educadores encontrem alunos com questões emocionais importantes, que podem afetar e prejudicar a aprendizagem.
Ao perceber essas situações, a primeira atitude da escola e da família deve ser o acolhimento. Conforme a psicopedagoga e doutora em Educação Monica Pagel Eidelwein, é recorrente a observação de casos em que alunos demonstram dificuldades como ansiedade, depressão, estresse, incertezas, dificuldade de aprendizagem e até sintomas físicos de que algo não vai bem, como a obesidade.
Entre os motivos que desencadeiam esses quadros, Monica observa alguns mais frequentes.
— Temos uma sociedade em aceleração, com excesso de informação e uso precoce e excessivo de tecnologias — alerta Monica, que também é professora na Universidade La Salle, Feevale e Unesc, além de ser presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia – Seção RS.
Ela destaca ainda conjunturas dentro da própria família que podem levar ao sofrimento emocional, como a cobrança demasiada e uma dificuldade de compreensão.
— Muitos jovens se sentem desmotivados pelo próprio ritmo de vida dos pais. Hoje temos uma sociedade que busca muitas soluções em medicamentos e terapias, mas não oferece o acolhimento necessário — aponta.
De acordo com Monica, é papel do professor, ao perceber sinais como um comportamento mais agressivo, agitado, fechado ou descontrolado, colocar-se junto e sem julgamentos. Já a família e a rede de apoio que a escola oferece devem buscar a origem das dificuldades afetivas e relacionais que estão impactando na aprendizagem e trabalhar para superá-las.
O presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS), Oswaldo Dalpiaz, destaca que, especialmente após o início da pandemia da covid-19, as escolas particulares estão cada vez mais atentas à saúde mental dos alunos.
— As escolas contam com a área de orientação educacional para suporte aos estudantes. Essa área é formada por profissionais de múltiplas formações, capacitados para dar o atendimento necessário às questões emocionais dos alunos — afirma.
Apoio
Vivenciando o dia a dia na escola, o orientador educacional do 1º e 2º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário, Renan Costa Ferreira, acredita que escola e família devem agir juntas.
— Quando percebemos um possível adoecimento, não hesitamos em uma aproximação direta com os pais do estudante, que são os seus primeiros cuidadores. O diálogo com a família é sempre na perspectiva do cuidado integral. Quanto ao estudante, oferta-se um olhar ainda mais atento, que perpassa o cuidado da equipe de gestão, dos professores e, também, dos colegas — detalha Ferreira, reforçando que, em sofrimento emocional, certamente o desempenho escolar do estudante será afetado.
*Produção: Padrinho Conteúdo