Em setembro, depois de longa paralisação, em razão de impasses na retirada das famílias da Vila Nazaré, máquinas na pista e aviões em sobrevoo voltaram a ser uma cena comum no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. O panorama é fruto de uma obra da concessionária Fraport que deverá elevar o Rio Grande do Sul a outro patamar de competitividade, a partir de agosto de 2022.
É que hoje, a pista de pouso e decolagem tem 2,28 mil metros, o que permite operações de 9 mil quilômetros, porém com a capacidade de passageiros e carga limitada. Após a ampliação em andamento, serão 3,2 mil metros para as aeronaves pousarem e decolarem com carga completa para distâncias de até 12 mil quilômetros.
Na análise de especialistas, o movimento equivale ao nascimento de um novo modal. E, mais do que um resgate da economia pré-pandemia, trata-se de um salto qualitativo para que o Estado passe a rever, inclusive, parte da sua forma de produção no futuro.
Isso acontece porque, atualmente, a partir do Rio Grande do Sul só se chega a Miami ou Lisboa, ainda assim, com 75% da capacidade dos cargueiros. A realidade é determinante para que a maioria das empresas que utilizam o modal aéreo percorram distâncias de quase 2 mil quilômetros até São Paulo ou Campinas, antes de iniciarem os trâmites de desembaraço aduaneiro.
Paulo Menzel, presidente da Camaralog, estima em R$ 13 bilhões a perda de receitas com essa ausência operacional. O presidente da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Agergs), Luiz Afonso Senna, complementa e lembra que o fator foi preponderante para que a Dell, fabricante de computadores, desistisse do Estado e se instalasse próxima de um centro capaz de colocar seus produtos em diversos países:
— Se associarmos o custo, inclusive, com a estrutura de receitas, tributos, empregos, que deixa de ficar por causa do aeroporto, talvez R$ 13 bilhões sejam até conservadores. Agora, o Estado passa para outro patamar do ponto de vista da competitividade e atratividade global sob a ótica de logística e de transportes.
Projeto Bússola
Esta reportagem integra a série que o Grupo RBS preparou para a retomada econômica com iniciativa do setor produtivo. Quatro temas fundamentais foram mapeados e serão aprofundados pelo Projeto Bússola, que tem patrocínio do Sebrae: capacitação de profissionais, distribuição e logística, sustentabilidade e novas regras sanitárias. A série será veiculada em GZH, Zero Hora, Rádio Gaúcha, no "Gaúcha +", e RBS TV, no "RBS Notícias".