O recuo de 0,2% no PIB no primeiro trimestre coloca o Brasil na 38º posição de uma lista de 43 países elaborada pela consultoria Austin Rating, empatado com o México e acima apenas de Letônia, Coreia do Sul, Indonésia e Nigéria. Outro estudo, da consultoria AC Pastore, do ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, mostra ainda que a recuperação brasileira tem sido mais lenta do que a observada em diversos países que enfrentaram grandes recessões.
No primeiro trimestre, o desempenho da economia brasileira ficou bem abaixo do crescimento médio dos países selecionados pela Austin Rating, que neste primeiro trimestre foi de 2,3%, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O país que mais cresceu no início de 2019 foi Cingapura (3,8%).
Com a revisão de projeções para o desempenho da economia ao longo de 2019, a tendência é que o Brasil termine o ano em posição ainda inferior. Considerando a expectativa média do último boletim Focus, de 1,23%, o Brasil ficaria em 37º lugar.
Mas especialistas já falam em crescimento inferior a 1%, o que colocaria o país em torno do 40º lugar, de acordo com as projeções atuais — e sem considerar eventuais revisões também em outros países.
"O atual resultado reforça a expectativa de desempenho pífio do PIB brasileiro", diz o economista da Austin Ratings, Alex Agostini, que aposta em crescimento de, no máximo, 1% da economia durante o ano.
"O principal fator dessa letargia econômica no Brasil é o baixo nível de confiança dos agentes econômicos na nossa economia e recorrente redução das expectativas futuras de crescimento melhor", acrescenta.
Considerando a comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, em que o PIB brasileiro cresceu 0,5%, o país ficou em 45º lugar de uma lista de 47 países, empatado com a Rússia e acima apenas da Itália.
A consultoria AC Pastore comparou o ciclo econômico brasileiro com o processo de recuperação de outros países que passaram por crises econômicas desde 1970 e concluiu que o Brasil está demorando mais a se recuperar.
"Caso o PIB brasileiro cresça a um ritmo de 2,5% ao ano a partir de 2020, levaremos 11 anos para recuperar o PIB per capita de 2013. Nesta altura do ciclo 24 dos 29 países que sofreram crises bancárias e sistêmicas já haviam retomado o patamar de produto por habitante anterior ao início do ciclo", diz o relatório.
A mais recente crise no Brasil não é classificada como bancária/sistêmica — que gera, por exemplo, quebra de instituições financeiras e demonstra uma retomada mais lenta.
Para melhor comparação, o estudo detalha três situações também não ligadas a crises bancárias: Portugal, em 1974, Turquia, em 1978, e Austrália, em 1983. "Todas essas tiveram recuperações mais rápidas que a brasileira", diz a consultoria.
Na Turquia, por exemplo, após dois anos de recuperação a renda per capita estava em 4,5% abaixo do pico anterior. No Brasil, a renda per capita estava, ao fim de 2018, 8,1% abaixo do pico de 2014.
"Nossa projeção é que o PIB deverá crescer 1% em 2019, fazendo com que a renda per capita fique relativamente estável em relação ao ano anterior, tornando esta a retomada mais longa da história", afirma a AC Pastore.