A Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS) e outras entidades sindicais vão realizar ato unificado em referência ao Dia do Trabalho, que será comemorado na quarta-feira (1º). Em Porto Alegre, a mobilização começa às 14h, com manifestação na Rótula das Cuias, com a participação de um carro de som.
Uma hora depois, os participantes do ato sairão em passeata pela Orla do Guaíba. Durante a caminhada, serão coletadas assinaturas para adesão ao abaixo-assinado das centrais contra a reforma da Previdência, que tramita na Câmara dos Deputados. Por volta das 16h, após a marcha, a concentração está programada para ocorrer na rótula próxima à Usina do Gasômetro.
— Esse 1º de Maio tem duas pautas, nas quais estamos trabalhando e serão o carro-chefe. A primeira é contra a reforma da Previdência, e a segunda é a denúncia do desemprego. A gravidade da situação do desemprego que atingiu o nosso Rio Grande do Sul — disse Claudir Nespolo, presidente da CUT no Estado.
No dia 15 de maio, entidades que representam os trabalhadores devem realizar ato em defesa da Educação e da Previdência. Os líderes sindicais estão programando uma greve geral para o dia 14 de junho, em meio ao avanço da reforma no Congresso.
Unidade dos atos
O presidente da CUT afirmou que a unidade das centrais sindicais ocorre mais uma vez em razão do crescimento da crise e para dar potência no enfrentamento à reforma da Previdência.
— A agudeza da crise e a velocidade com a qual o setor econômico sobre as pautas da classe trabalhadora nos impôs o tema da unidade.
O presidente em exercício da Força Sindical no RS, Marcelo Furtado, reforça que a unificação dos movimentos gira em torno da reforma da Previdência, que, segundo ele, não beneficia os trabalhadores e não ataca os privilégios.
— Por isso estamos unidos. Nesse ponto fundamental que é a Previdência. Agora, o próprio presidente está dizendo que a reforma vai gerar empregos. Como foi no passado, dois anos atrás, a reforma trabalhista era por gerar emprego. Hoje, estamos vendo 13 milhões de desempregados — disse Furtado.
Guiomar Vidor, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), entende que a união ocorre em um cenário em que o Brasil enfrenta regressão no campo do trabalho e dos direitos sociais, citando a PEC do teto dos gastos públicos, a reforma trabalhista e o fim do Ministério do Trabalho.
O líder da CTB no RS defende que os governantes tentam enfraquecer a classe sindical com medidas como o fim do imposto sindical, um dos pontos da reforma trabalhista, e ações que dificultam a cobrança da contribuição de trabalhadores filiados aos sindicatos:
— Tudo isso vem no sentido de enfraquecer o movimento sindical, mas vamos nos adaptando a essas novas realidades. Eu diria que, como a fênix, o movimento ressurge das cinzas e vai ser mais forte por enfrentar os novos desafios.
Marcelo Furtado também entende que existe uma investida para esvaziar o poder de atuação dos representantes dos trabalhadores.
— O trabalhador está ficando sem assistência. A gente está vendo vários sindicatos fecharem as portas. Estão deixando de existir no Brasil. Só os empresários ganham com isso.
Caxias do Sul, Bagé, Erechim, Passo Fundo, Pelotas, Santa Maria, Ijuí, Santa Cruz do Sul e Butiá também terão atos alusivos ao 1º de maio.
Baixa arrecadação gera impacto na mobilização
Furtado afirma que a queda de arrecadação dos sindicatos pós-reforma da Previdência influencia na organização dos eventos de 1º de Maio. O presidente da Força Sindical no Estado destaca que os movimentos estão se reinventando para tocar a mobilização.
O líder sindical estima que a arrecadação de algumas entidades enfrenta queda entre 80% e 90%.
— Com certeza vai ter impacto. Protestos iguais aos que eram feitos nas ruas, pelas entidades sindicais, não tem mais como fazer. Tudo gera dinheiro. Alugar um carro de som, fazer panfletos, cartazes. Tudo isso impacta em custo, e as entidades estão sem dinheiro.
Nespolo diz que a queda de arrecadação não atinge a CUT especificamente nos atos do Dia do Trabalhador, porque a entidade não tem tradição de contratar shows durante o evento. As apresentações costumam ser solidárias, segundo Nespolo. O comandante da CUT no RS salienta que a falta de verba afeta outros âmbitos da organização, como a divulgação de pautas.
Guiomar Vidor disse que a realização de um ato unitário ajuda a contornar a nova realidade das centrais sindicais, marcada pela diminuição na arrecadação. No evento que será realizado em Porto Alegre, o presidente da CTB diz que o reflexo financeiro é menor. No entanto, na manifestação de Caxias do Sul, que costuma ser um dos maiores atos da CTB, os custos foram cortados pela metade.