O Brasil perdeu 289 mil empresas em 2014. O cenário indica uma queda de 5,4% em relação a 2013 e a primeira desde o início da série histórica, em 2007, do Cadastro Central de Empresas (Cempre), divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As organizações formais ativas, 5,1 milhões, ocupavam 55,3 milhões de pessoas. O número representa aumento de pessoal ocupado de 0,2% (97,5 mil) e de pessoal ocupado assalariado de 0,8% (381,3 mil) comparado a 2013.
Uma das coordenadoras da pesquisa, Kátia Cilene Medeiros de Carvalho explicou que a maioria das empresas que não resistiram à crise era de pequeno porte.
– A maioria das empresas que fecharam era dos setores de comércio e da indústria de transformação, com até nove pessoas ocupadas. Embora pequeno, o aumento do pessoal ocupado sugere que, provavelmente, os trabalhadores que perderam seus empregos nas empresas que fecharam foram absorvidos por empresas maiores, já consolidadas, que têm mais condições de sobreviver a períodos de crise – comentou Kátia.
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O número de sócios e proprietários recuou 3,9% (283,8 mil). Eles também podem ter sido, em boa parte, absorvidos pelo mercado, entrando como pessoal assalariado. Já o total de salários e outras remunerações (R$1,5 trilhão) aumentou 4,5%, e o salário médio mensal (R$ 2.301,82) cresceu 1,8%, em termos reais.
Em 2014, pelo quinto ano consecutivo, o comércio, a reparação de veículos automotores e de motocicletas concentraram a maior parte do pessoal ocupado assalariado, com 9,3 milhões de pessoas (19,3%), e representaram 40,1% das empresas (2 milhões). Porém, em salários e outras remunerações, o comércio ficou na terceira colocação (12,3% ou R$ 181,4 milhões). O setor com maior participação em salários e outras remunerações foi administração pública, defesa e seguridade social, com R$ 338,2 milhões (23%).
Os menores salários médios mensais foram pagos por alojamento e alimentação (R$ 1.133,10), atividades administrativas e serviços complementares (R$ 1.409,43) e comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (R$ 1.498,91). Essas atividades, que apresentaram salários médios mensais menores, absorveram juntas 32,6% do pessoal ocupado assalariado.
Sexo e Escolaridade
O salário das mulheres era equivalente a 80% do salário dos homens em 20014. A média salarial para homens era de R$ 2.521,07 e para mulheres, de R$ 2.016,63.
A administração pública e as entidades sem fins lucrativos apresentaram maior participação feminina no pessoal ocupado assalariado. Nas entidades empresariais, predominava o pessoal ocupado assalariado masculino em todo o período considerado.
– O número de mulheres vem crescendo ano a ano. Nas empresas públicas, a entrada é facilitada pelos concursos, em que o mérito é que conta, mas a participação feminina também está crescendo nas empresas privadas, embora em menor número – disse Kátia.
Em 2009, 41,9% dos assalariados brasileiros eram mulheres e em 2014 o percentual subiu para 43,5%. Com relação às entidades empresariais, houve queda de 5,6 pontos percentuais na diferença entre a participação masculina e a feminina de 2008 a 2014. Nas entidades sem fins lucrativos, a participação das mulheres assalariadas aumentou de 52,8% para 55,6% no mesmo período.
Por nível de escolaridade, o pessoal ocupado assalariado com nível superior recebeu, em média, R$ 4.995,08, enquanto o pessoal sem nível superior recebeu R$ 1.639,04, uma diferença de 204,8%.
Em relação à escolaridade, a administração pública apresentou a maior proporção de assalariados com nível superior (43,9%), mas o pessoal sem nível superior predominou em todas as categorias, atingindo 87,9% nas entidades empresariais e 71,2% nas entidades sem fins lucrativos.
Regiões do Brasil
A Região Sudeste concentrava 51,6% (2,9 milhões) das unidades locais, 50,5% do pessoal ocupado (27,9 milhões), 50,2% do pessoal assalariado (24,2 milhões) e 54,4% (R$ 799,8 bilhões) dos salários e outras remunerações.
O Sul do país foi a segunda região com maior número de unidades locais (22%) e em salários e outras remunerações (16,1%), mas ficou na terceira posição em relação a pessoal ocupado total ou assalariado, com 17,8% e 17,2% respectivamente. A Região Norte ficou na segunda posição em pessoal ocupado (17,9%) e em pessoal ocupado assalariado (18,5%) e ficou na terceira colocação em número de unidades locais (15,1%) e em salários e outras remunerações (14,4%). A Região Centro-Oeste ficou na quarta colocação em todas as variáveis analisadas, e a Região Norte, na quinta colocação, com os menores valores.