Em um cenário econômico marcado pela forte recessão, apesar de a inflação continuar pressionada, o Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por fixar o juro básico da economia brasileira, se reuniu nesta quarta-feira e manteve a taxa Selic em 14,25% ao ano.
Em nota, o Banco Central (BC) justificou a decisão: "avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, e considerando as incertezas domésticas e, principalmente, externas, o Copom decidiu manter a taxa Selic". Foram seis votos a favor e outros dois pela elevação do juro.
A decisão não é inesperada. Um levantamento do AE Projeções com economistas do mercado financeiro mostrou que, entre 72 instituições consultadas, já havia unanimidade em torno da manutenção da Selic.
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Essa foi a quinta reunião seguida do Copom sem alteração da taxa básica de juro, que parou de subir em setembro do ano passado. Mesmo assim, a Selic continuará no maior patamar desde julho de 2006. Em termos reais (descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses), os juros brasileiros continuam entre os mais altos do planeta.
Na última segunda-feira, após oito semanas de projeções em alta, instituições financeiras estimaram desaceleração da inflação em 2016. Com isso, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 7,62% para 7,57%. Para 2017, a expectativa segue em 6%, de acordo com o relatório Focus.
Mesmo com a expectativa de alta da inflação, as instituições financeiras não esperavam que o BC subisse a taxa básica de juro neste ano de retração da atividade econômica. Por isso, surpreenderam os dois votos por uma elevação de 0,5 ponto percentual.
A projeção para o final de 2016 permanece em 14,25% ao ano. Para 2017, a expectativa é de redução da Selic para 12,5% ao ano.
A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia.
Quando eleva a taxa, o BC tem o objetivo de conter o excesso de demanda que pressiona os preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz o juro básico, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.