No final da semana que começou com o anúncio do fim das negociações para formação da Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), terminou, para o Brasil, com um acordo automotivo com a Colômbia. Durante a viagem da presidente Dilma Rousseff a Bogotá, foi celebrado o acerto que prevê tarifa de importação zerada, na Colômbia, para a cota de 12 mil veículos em 2016, 25 mil em 2017 e 50 mil unidades a partir de 2018, com validade de oito anos.
A tarifa de importação sobre a importação brasileira de veículos na Colômbia é de 16%.
A intenção é boa, mas é só uma boa intenção. Apenas em setembro, a produção de veículos no Brasil caiu em cerca de 42 mil unidades. Ou seja, quando no primeiro ano, a Colômbia, em tese, absorveria pouco mais de um quarto da queda mensal mais recente.
É essa falta de ambição nos acordos internacionais celebrados pelo Brasil que tem exasperado os especialistas no setor. Embora alguns - nem todos - reconheçam que o Mercosul ainda mais ajuda do que atrapalha, ao menos no comércio, a maioria se ressente de acordos mais ousados.
A esperança de exportadores é de que a TPP force a aceleração do acordo entre Mercosul e União Europeia. Negociações iniciadas em 2000 ficaram paradas entre 2004 e 2010. Foram relançadas em maio daquele ano, sempre tropeçando na troca das listas de produtos em que os dois blocos estariam dispostos a reduzir tarifas de importação. Havia expectativa de que isso pudesse ocorrer este ano, mas é preciso esperar a eleição na Argentina, no dia 25.
Acordos de livre comércio, especialmente os ambiciosos, enfrentam resistências de todo tipo. Nos Estados Unidos, são de republicanos a ONGs liberais (no sentido da palavra nos EUA). Uma das críticas é a de que a TPP foi "vendida" como um bloco que representa 40% do PIB, mas não é disso que se trata. Tem uma fatia do comércio global de mais modestos 13%. Ontem, o Wikileaks expôs o trecho do acordo referente à propriedade intelectual e advertiu que a TPP "pode custar vidas" por conta do monopólio a companhias farmacêuticas. No outro extremo, os EUA são cobrados por terem "deixado a China de lado" por falta de ambição - quando o TPP foi concebido como uma reação à China.