A economia brasileira continuou caminhando para trás no segundo trimestre de 2015. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou nesta sexta-feira que o PIB recuou 1,9% entre abril e junho, depois de já ter caído 0,7% de janeiro a março ante o último trimestre de 2014.
O dado dos três primeiros meses do ano foram revisados para baixo. O percentual divulgado antes pelo IBGE apontava queda de 0,2%.
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Os números confirmam que o Brasil entrou em uma recessão técnica, o que ocorre quando são registrados dois trimestres seguidos de retração na comparação com os períodos imediatamente anteriores. Segundo o IBGE, o PIB totalizou R$ 1,428 trilhão.
As principais influências negativas vieram da indústria, com retração de 4,3% e dos investimentos, que caíram 8,1%. Nos serviços o resultado também foi negativo de 0,7%.
O setor com melhor desempenho foi o consumo do governo, com alta de 0,7%. Já a agropecuária caiu 2,7%
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As projeções para o restante do ano também não são animadoras. Segundo o Boletim Focus, do Banco Central (BC), o PIB brasileiro deve fechar o ano com queda de 2,06%.
Queda do PIB da indústria é a maior desde o 3º trimestre de 2009
A queda do PIB da indústria do segundo trimestre de 2015 ante igual período de 2014, de 5,2%, é a maior desde o terceiro trimestre de 2009, quando o recuo foi de 5,8% nessa mesma base de comparação.
O destaque negativo ficou para a construção civil. Na comparação com igual trimestre do ano anterior, a queda do PIB da indústria da construção no segundo trimestre de 2015, que foi de 8,2%, é a maior desde o quarto trimestre de 2003, quando o recuo foi de 9,8%.
A indústria da transformação também teve o pior desempenho desde 2009: o PIB dessa atividade recuou 8,3% no segundo trimestre de 2015 ante igual período de 2014, a maior variação negativa desde o terceiro trimestre de 2009, quando a queda nessa base de comparação foi de 10,6%.
Em 2009, a economia nacional ainda sofria os maiores efeitos da crise internacional iniciada em 2008. A queda do PIB como um todo no segundo trimestre de 2015 ante igual período de 2014 também é a maior desde o primeiro trimestre de 2009, quando foi de 2,6% nessa base de comparação.
Importações também recuaram
Da mesma forma, as importações também tiveram o pior desempenho desde o segundo trimestre de 2009. O recuo no segundo trimestre de 2015 ante igual período de 2014, de 11,7%, só é superado pelos 12,6% de abril a junho daquele ano.
A retração da atividade econômica interna foi o que fez as importações caírem no segundo trimestre de 2015, afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. No período, as compras do exterior recuaram 8,8% em relação ao primeiro trimestre deste ano e caíram 11,7% ante o período de abril a junho de 2014.
- Com a queda nas importações e a alta nas exportações, isso gerou contribuição positiva do setor externo (ao PIB) - acrescentou Rebeca.
As exportações cresceram 3,4% no segundo trimestre de 2015 em relação ao primeiro trimestre deste ano. Já em relação ao período de abril a junho de 2014, o avanço foi de 7,5%.