Até o ano passado, a produção industrial caía, a confiança de empresários e consumidores despencava, o crescimento emperrava, mas um indicador positivo iluminava a economia: o baixíssimo desemprego. Em 2015, ocorre uma gradual, mas contínua, piora nesse dado. É resultado da mudança de marcha da economia - de primeira para a ré.
Nesta quinta-feira, outra dessas marcas ameaçava adernar, mas pode ter sido resgatada do naufrágio. Eram fortes os sinais de que o primeiro marco de uma nova indústria no Estado, a de construção naval voltada para o segmento de petróleo e gás, poderia virar só história. Uma grande mobilização contribuiu para que Petrobras e QGI voltassem à mesa de negociações. A reunião não foi definitiva, mas rebocou as plataformas, que já rumavam para o Exterior, de volta para o Estado.
Petrobras e QGI voltam a negociar contratos de plataformas
Até agora, o que se sabe sobre o impasse vem muito mais de relatos de interlocutores da QGI do que da Petrobras. Convergem em um ponto: o de uma estatal acuada pela suspeita e pelo temor de inspeções do Tribunal de Contas da União. Cerca de 30% do projeto de montagem das plataformas P-75 e P-77 estava concluído. Em caso de uma nova licitação, há sério risco de que esse trabalho seja perdido. Então, sem discutir o mérito da discussão, alcançar um acordo parece ser a melhor escolha.
Ex-Quip, a QGI hoje é só Queiroz Galvão, uma das empresas envolvidas na Operação Lava-Jato. É um antecedente ruim? Sem dúvida. Mas a empresa ou seus executivos devem ser punidos caso se comprove responsabilidade em crime. Licitar a mesma obra no Exterior, a essa altura, representaria mais desperdício de dinheiro público e eliminaria a chance de gerar 4 mil empregos. Aqui mesmo, no país premido pelo ajuste fiscal.