A Azul vendeu nesta quinta-feira, a primeira passagem da companhia aérea portuguesa TAP, testando um acordo comercial que deve ser iniciado nas próximas semanas. A venda ocorreu apenas um dia depois de o empresário David Neeleman, controlador da Azul, assinar o contrato de compra da antiga companhia aérea estatal, em Lisboa, por meio do consórcio Gateway, que venceu a privatização e tem Neeleman entre os acionistas.
Por enquanto, as passagens estão disponíveis apenas para algumas agências de viagens. Passada a fase de testes, elas serão oferecidas no site da empresa, de acordo com Neeleman. A estratégia do novo dono da TAP para a empresa portuguesa é usar aviões menores para fazer os voos para o Brasil, o que viabilizaria que a empresa voasse para cidades médias.
Dono da Azul vence disputa e irá comprar a portuguesa TAP
Assim como pretende fazer com a United, a intenção de Neeleman é conectar a malha da TAP à da Azul e usar os passageiros de uma empresa para encher o voo da outra. Hoje, cerca de 40% dos clientes que viajam na TAP voam na rota entre o Brasil e a Europa. A TAP já atende 12 destinos brasileiros, mas, com o novo avião (o A321) e conexões com a Azul, poderia voar para cidades como Teresina e São Luís, disse Neeleman.
Azul reduzirá número de voos durante o inverno
As sinergias entre TAP e Azul também pesaram nas negociações para a compra de aeronaves da Airbus.
- Já usamos o volume da Azul para conseguir um preço melhor para as duas empresas - disse Neeleman, que anunciou na última quarta-feira a compra de 53 aviões da Airbus para renovar a frota da TAP.
BNDES
Neeleman diz que foi procurado há cinco anos por um representante do governo brasileiro, perguntando se ele teria interesse na compra da TAP.
- O governo brasileiro tem interesse na TAP, o BNDES também. Eles têm fontes de recursos que podem ajudar a TAP - disse. Ele ressaltou, no entanto, que não tem "nada fechado" com o BNDES neste momento.
Questionado sobre de que forma conseguiria obter crédito no BNDES já que a compra da TAP foi feita por meio do consórcio Gateway, com sede em Portugal, Neeleman disse que a ajuda poderia vir "por meio da Azul". Segundo ele, a empresa pode, no futuro, comprar ações da TAP.
- É cedo para afirmar. Mas as duas empresas têm o mesmo pai, então, tudo é possível.
A legislação europeia limita o capital estrangeiro em empresas aéreas a 49% do capital votante, situação semelhante à do Brasil - por aqui o limite é de 20%. Neeleman detém 49,9% do consórcio Gateway, dono da TAP, e o empresário português Humberto Pedrosa, dono do grupo de transporte Barraqueiro, é dono de fatia de 50,1%.
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