Não falta quem veja chantagem e blefe na postura da QGI, criada para montar plataformas em Rio Grande, que ameaça abdicar de contratos de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras. Representantes tanto do governo quanto da iniciativa privada levam a sério o risco de encerramento das atividades no Estado. É possível que o encontro decisivo ocorra nesta quinta, entre as cúpulas da Petrobras e da empresa.
Sucessora da Quip, consórcio formado por Queiroz Galvão, UTC e Iesa Óleo & Gás, a QGI mudou de nome quando a UTC abandonou a sociedade. Sobraram a Queiroz e a Iesa, que está em recuperação judicial. Apesar de considerar possível que a Queiroz Galvão abandone o Estado, Marcus Coester, coordenador do Comitê de Competitividade em Petróleo, Gás, Naval e Offshore da Fiergs, avalia que o impacto maior será realmente local, não estadual, como teme o governo.
Embora muitas empresas gaúchas tenham se convertido em fornecedoras da indústria naval, avalia Coester, a maioria tem esse tipo de encomenda com peso entre 30% e 50% do total. Ou seja, significativo, mas não fatal. Para as de Rio Grande é que o impacto será forte, inclusive porque o segmento representava uma espécie de redenção para a Metade Sul.
Sobre o fato de a Queiroz Galvão estar envolvida nas investigações da Lava-Jato, Coester pondera que todas as empresas terão de responder à Justiça e, se quiserem sobreviver, passar por um processo como o da alemã Siemens. Envolvida em denúncias ao redor do mundo, a companhia fez uma revolução interna, mudou a direção e a atitude.