É preocupante o cenário do novo polo naval do Estado - o do Jacuí. A grave situação financeira da Iesa, uma das principais detentoras de contratos com a Petrobras, faz com que o futuro do polo, lançado em agosto de 2012, inquiete o governo, industriais e a comunidade de Charqueadas, onde a obra está parada e já houve demissões. O principal contrato da empresa com a estatal prevê a construção de 24 módulos para as plataformas de petróleo, orçado em cerca de US$ 800 milhões. E, com o acordo, outras empresas, como a Metasa, se dirigiram à região para atuarem como fornecedoras da Iesa.
No sábado, na sede da Refap, o assunto foi discutido em uma reunião entre o diretor de engenharia, tecnologia e materiais da Petrobras, José Antônio de Figueiredo, com o presidente da Assembleia, Gilmar Sossela, o diretor da Fiergs Marcus Coester e os prefeitos de Charqueadas, Davi Gilmar, e de São Jerônimo, Marcelo Luiz Schreinert, entre outros, como representantes do gabinete do vice-governador e da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI).
- A nossa preocupação é que o contrato permaneça no Rio Grande do Sul - revelou Coester, que há duas semanas esteve no Rio, acompanhado do vice-governador Beto Grill, para discutir o problema com Figueiredo, quando também foi analisada uma solução que poderia ser o ingresso de um sócio nacional ou do Exterior no negócio.
No mercado, uma das especulações é que a encomenda dos módulos possa ser transferida para a empresa UTC no Rio em razão da situação da Iesa. Por enquanto, ainda não existe essa possibilidade, garantiu Figueiredo. Mas o governo também está preocupado com o fato de que a companhia recebeu financiamento do Banrisul e do Badesul para levar o projeto adiante.
Para tentar contornar a situação, a partir de hoje começa uma fase de intervenção da estatal no contrato. É conhecida como conta vinculada, a partir da qual os pagamentos a fornecedores são definidos conjuntamente, uma espécie de coadministração do contrato firmado com a Petrobras. Uma das fontes ouvidas pela coluna explicou que o problema, na realidade, é com a Inepar, holding dona da Iesa. O diretor de operações da Iesa, Fleury Pissaia, disse que não participou da reunião e quer se inteirar do encontro antes de falar sobre o assunto.
Sem abrir mão de Charqueadas
Apesar das incertezas sobre o futuro do projeto da Iesa em Charqueadas, o prefeito Davi Gilmar de Souza e o presidente da Assembleia, Gilmar Sossela, manifestaram otimismo em relação ao que foi discutido durante reunião com José Antônio de Figueiredo, diretor da Petrobras.
No encontro, conta Souza, a Petrobras afirmou que não pode abrir mão da estrutura local e assegurou que, se não houver possibilidade de construir todos os módulos no município, pelo menos a maioria do trabalho será feita aqui mesmo no Estado (na foto acima, de fevereiro de 2013, terreno no município destinado às instalações da Iesa).
O diretor da Petrobras falou em parceria com outra empresa para tocar o projeto dos módulos, mas não especificou qual seria. Uma das informações extraoficiais é de que poderia ser a Andrade Gutierrez.
Souza e Sossela reagiram com otimismo.
- A obra será retomada nesta semana, com o pagamento a fornecedores e funcionários - afirmou Souza.
- O investimento vai permanecer aqui, está garantido pela Petrobras - comentou Sossela.