A taxa de juros é o mecanismo de controle da inflação no Brasil, e não o câmbio, afirmou ontem em Moscou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, refutando a interpretação de que o governo havia deixado o real apreciar nos dias anteriores para conter a aceleração no índice de preços, que em janeiro atingiu o maior patamar desde 2005.
O ministro já havia feito declaração semelhante em janeiro. Mas, desta vez, os investidores interpretaram como sinal que o Banco Central vai elevar os juros. Investidores aumentaram as apostas no mercado futuro em uma alta da taxa básica (Selic) em 0,25 ponto porcentual entre as reuniões de abril e maio do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. No ano, as apostas são de uma alta de mais de um ponto porcentual. Apesar da negativa de Mantega sobre o uso do câmbio contra a inflação, os investidores também testaram a disposição do BC de deixar o real se valorizar.
Mantega se recusou a dizer se a recente alta na inflação levará à elevação dos juros, que estão em 7,25% ao ano.
- O Banco Central tem de ficar vigilante e, se não houver uma queda da inflação espontaneamente, ele tomará as devidas providências - declarou o ministro a jornalistas antes do início da reunião de ministros do G20, em Moscou.
Segundo ele, o "sinal de alerta" do governo é disparado sempre que o índice de preços supera o centro da meta de inflação para o ano, marca que hoje corresponde a 4,5%. Mantega disse que a alta do mês passado foi provocada por razões "sazonais, e não estruturais", e previu que a inflação terá desaceleração acentuada em fevereiro, sob influência do corte nas tarifas de energia.