Os ministros das Finanças do G20 pediram que os governos não fixem objetivos de taxas cambiais para estimular suas economias, embora considerem que a política monetária deve "seguir apoiando a recuperação econômica", no comunicado final divulgado neste sábado em Moscou.
"Nós nos absteremos de desvalorizações competitivas. Não fixaremos objetivos de taxas de câmbio com fins competitivos", afirma o comunicado final. As vinte economias industrializadas e emergentes esperam, assim, convencer os mercados de que não cairão em uma guerra cambial, algo que havia levantado o temor de uma onda de desvalorizações. "A política monetária deve se dirigir à estabilidade dos preços em nível nacional e seguir apoiando a recuperação econômica, conforme os respectivos mandatos" dos diferentes bancos centrais, consideram os países ricos e emergentes. E reiteram seu compromisso de "avançar em direção a sistemas de taxas de câmbio mais determinados pelo mercado" e que "reflitam os fundamentos econômicos subjacentes".
Os ministros e chefes dos bancos centrais também defendem a adoção de "estratégias críveis no médio prazo" para reduzir seus déficits orçamentários, mas não fixam objetivos numéricos ou datas. Segundo eles, os perigos que ameaçam a economia mundial retrocederam e "as condições dos mercados financeiros melhoraram". Contudo, ainda existem "importantes riscos e o crescimento mundial continua muito fraco".
Há pouco tempo, a disputa sobre as divisas estava centrada nas divergências entre as potências ocidentais e a China, acusada de manter o iuane artificialmente baixo para favorecer suas exportações. Mas as injeções de liquidez do Federal Reserve americano e, mais recentemente, do banco central japonês, que buscam favorecer a atividade em seus respectivos países, depreciaram o dólar e o iene, o que automaticamente encarece as divisas de seus competidores e castiga suas exportações.
Os emergentes, começando pelo Brasil, vêm denunciando há dois anos estas práticas. Agora eles recebem o apoio de países europeus que, como a França, sustentam que o euro é muito forte e está atrasando a saída da crise. Para evitar uma onda de desvalorizações competitivas de moedas, os países ricos do G7 reafirmaram na terça-feira em um comunicado que é preciso deixar que o mercado fixe por si só as taxas de câmbio.
Por sua vez, o G20 está decidido a tomar as medidas e "as ações coletivas necessárias para preencher as lacunas do sistema fiscal internacional que permitem às multinacionais evitar o pagamento de impostos", segundo o comunicado. Os ministros das Finanças do G20 "esperam o plano de ação global" que a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) apresentará em julho, segundo o texto.
"Estamos decididos a implementar medidas destinadas a lutar contra a erosão da base tributária e a transferência de lucros, e a tomar as medidas necessárias, e esperamos o plano de ação global que a OCDE apresentará em julho" em uma nova reunião em Moscou, escrevem os ministros em seu comunicado. "Reiteramos nosso compromisso de reforçar as trocas automáticas de informação (...) e apoiamos a análise da OCDE a favor de uma aplicação multilateral neste âmbito", acrescentam. Em um documento publicado nesta semana, a OCDE, com sede em Paris, prometeu preparar até o verão boreal um plano de ação ambicioso para refundar as normas internacionais, não adaptadas à globalização e que permitem frequentemente que as multinacionais escapem completamente do pagamento de impostos.