Disposta a encontrar um caminho para evitar que em 2013 volte a ocorrer um fraco crescimento econômico, com repetição do "pibinho" de 2012, a presidente Dilma Rousseff promoveu nesta sexta-feira uma segunda rodada de conversas e discussões com empresários de diversos setores, para ouvir deles sugestões de como destravar o país, para permitir a recuperação da economia.
Depois dos encontros, a presidente se reuniu com o ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, um dos seus interlocutores econômicos, e, em seguida, com Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa Brasileira de Planejamento e Logística. A ideia era começar a repassar a eles as queixas e impressões ouvidas dos empresários, para agilizar os processos de destravamento da economia. Dilma avisou que quer começar a se reunir com ministros de várias áreas, para que eles apresentem um planejamento estratégico, com metas de curto, médio e longo prazos, que possam ajudar a desemperrar projetos, além de ampliar o financiamento e os investimentos em infraestrutura.
Nesta sexta, foi a vez dos presidentes do Bradesco, Luiz Trabuco, e do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), Rodolpho Tourinho. Com ambos, a exemplo das conversas mantidas com empresários da Vale, Odebrecht e Cosan, a presidente discutiu a ampliação do financiamento para o setor privado, necessidade de manutenção dos empregos, defendeu o aumento da competitividade e até falou dos juros que precisam continuar caindo. Ouviu promessas de que os investimentos continuarão e que todos investirão nos projetos que o governo considera essenciais como os de infraestrutura.
- Comentamos de uma forma geral aquilo que pode ser feito. Preocupação muito grande é a necessidade de ampliar investimentos, esse país nunca teve o volume de obras que está programado e é preciso que amplie o financiamento do setor privado - disse Tourinho, após o encontro.
À tarde, foi a vez do presidente do Grupo Lafarge, Bruno Lafont, empresa líder mundial em materiais de construção, que anunciou que investirá R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos, de olho nas obras de infraestrutura e de construção de casas. O investimento, no entanto, representará a metade do que a Lafarge desembolsou nos últimos cinco anos no Brasil, apesar de o empresário ter dito que a empresa acredita e aposta no crescimento do país.
- Temos de considerar que fizemos compras muito grandes nos últimos cinco anos e isso não representa diminuição de atividade, trata-se de investimento vegetativo, orgânico para acompanhar o crescimento do mercado - afirmou.
E explicou:
- O que eu chamo de crescimento orgânico é a construção de novas fábricas ou aumentar os tamanhos das atualmente existentes e faremos isso aumentando nossa capacidade de produção de cimento, de brita e de concreto.
A iniciativa de realizar encontros como os desta sexta-feira deverá prosseguir já que muitos outros empresários estão pedindo audiência com a presidente Dilma. Eles querem ampliar o diálogo que consideram mínimo com o governo, principalmente depois que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, perdeu o prestígio que existia no governo Lula. Ele era considerado como uma espécie de fórum de entendimentos.
Uma das queixas dos empresários é que a presidente ou não ouve, ou ouve as pessoas e no final faz o que ela já tinha em mente, tornando todas as discussões improdutivas. Lembram que foi assim no caso da definição das regras para a renovação das concessões do setor elétrico e na definição do pacote de ações para os aeroportos.