A presidente Dilma Rousseff mostrou preocupação com o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que cresceu apenas 0,4% em relação aos três primeiros meses do ano. No Palácio do Planalto, a avaliação é que o número ainda não reflete o que o governo entende como reversão do quadro de dificuldades. A equipe do Ministério da Fazenda sempre disse a Dilma que, a partir do segundo semestre, a economia sairia do marasmo. Por isso, o fraco desempenho no fechamento da primeira metade do ano não foi motivo de alarme. Mas o índice divulgado nesta sexta-feira incomodou o Planalto por indicar que o crescimento não chegará nem a 2% este ano.
Em reuniões com auxiliares, Dilma tem dito que, apesar dos reveses, o governo deve prosseguir com as medidas de estímulo à economia:
- Nós não permitimos que os nossos olhos sejam só de curto prazo, porque, se fosse assim, não teríamos conseguido enfrentar as características mais permanentes dessa crise - disse Dilma na quinta-feira, em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Na próxima semana, a presidente deverá lançar um pacote de medidas para reduzir o custo da energia elétrica em, no mínimo, 10%. Em meados de setembro, anunciará um novo modelo de concessões para portos e aeroportos. O governo pretende criar uma Autoridade Portuária para fiscalizar as novas regras, quebrando monopólios de empresas que operam terminais com ociosidade. Será uma espécie de agência reguladora dos portos. Dilma quer investir, ainda, em um programa de aeroportos regionais, que ganharão subsídios.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta sexta-feira que o crescimento do PIB no segundo trimestre não foi excepcional. Mas disse que o país passou pela pior fase, que foi o primeiro trimestre de 2012, e que a economia conseguirá crescer mais nos próximos trimestres.
- Os números (divulgados nesta sexta-feira) estão no retrovisor, ficam para trás e, de qualquer forma, é um resultado bom em relação ao primeiro trimestre.
Mantega citou as mudanças recentes na economia, como a redução da taxa básica de juros, que exigirão uma adaptação "porque a economia toda estava adaptada a trabalhar com juros altos". Na avaliação do ministro, a indústria, que seria a maior beneficiada pela queda nos juros, num primeiro momento pode ter prejuízo, pois as empresas ainda usariam o caixa para aplicações. " é um efeito paradoxal, mas depois a economia se adaptará." Mantega avaliou ainda que o maior problema da economia brasileira é de demanda, e não de oferta.
O crescimento do PIB confirma a recuperação gradual da atividade no primeiro semestre, na avaliação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Em nota à imprensa, ele prevê que a tendência é de intensificação da atividade não só na segunda metade deste ano, mas também em 2013. Tombini ressaltou ainda que os "sólidos fundamentos" e um "mercado interno robusto" são um diferencial da economia brasileira.