Medidas anunciadas ontem pelo governo federal e a Petrobras para desenvolver fornecedores locais para a exploração do pré-sal poderão beneficiar diretamente empresas gaúchas. Embalada pelo polo naval, entre 2009 e 2011 a participação do Estado nas compras da estatal passou de 0,9% para 3%, nas contas da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs).
Com um setor metalmecânico polivalente e a proximidade com o polo naval de Rio Grande, as oportunidades de fornecimento para companhias de tecnologia, equipamentos e serviços são grandes. O Comitê de Petróleo, Gás e Energia da Fiergs avalia que há espaço para ampliar a participação gaúcha para 7,5% - peso do Rio Grande do Sul na economia brasileira - em até cinco anos.
- Se considerarmos os estaleiros em funcionamento ou confirmados no Estado, os parques tecnológicos nas universidades e a capacidade de produção da nossa indústria, há bastante espaço para ampliar o fornecimento à Petrobras - afirma Oscar de Azevedo, coordenador do comitê.
Chegam a US$ 10 bilhões os investimentos da estatal confirmados no Rio Grande do Sul, como as obras de ampliação na Refap, em Canoas, e a construção de plataformas em Rio Grande. Esses projetos devem gerar até 14 mil empregos diretos em três anos, número que poderá ser maior conforme cresçam as vendas das companhias instaladas no Estado à estatal.
- Os desafios para ampliar essa participação são continuar atraindo estaleiros e epecistas (empresas de engenharia, suprimentos e construção) e elevar o número de empresas cadastradas como fornecedoras da Petrobras - diz Aloisio Nóbrega, vice-presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI).
Em um ano, dobrou o número de empresas gaúchas capacitadas para fornecer à estatal: de 60 para 130. E a Fiergs identifica pelo menos mais 500 indústrias com potencial para ingressar neste grupo. Essas companhias podem ainda vender à Petrobras em parceria com estrangeiras.
- Muitas empresas gaúchas têm sido procuradas por multinacionais dispostas a produzir no Estado, devido à exigência (da Agência Nacional do Petróleo) de pelo menos 65% de produção local nas compras da Petrobras - diz Hernane Cauduro, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústrias de Máquinas e Equipamentos no Estado.
R$ 3 bilhões de incentivo à inovação
Um pacote de incentivos e subsídios a empresas nacionais para desenvolver tecnologia sofisticada, inexistente no país, foi lançado ontem por Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Financiadora de Projetos e Estudos (Finep). Serão R$ 3 bilhões até 2016 para aumentar o conteúdo nacional na exploração das jazidas de petróleo na camada pré-sal.
O pacote surge poucos dias depois de o segmento de máquinas e equipamentos reclamar que a fatia dos fornecedores nacionais desse segmento específico caiu de 24%, em 2003, para 17% no ano passado. No lançamento do programa Inova Petro, a presidente da Petrobras, Graça Foster, contrapôs outros dados sobre a presença nacional no setor: na área de exploração e produção, a participação brasileira subiu de 40% a 55% para a média de 65%, em refino, de 82% para 92% e em gás e energia, de 70% para 90%.
O banco está disposto a receber das empresas propostas de projetos de bens e serviços inovadores, que serão financiados em condições especiais.