Com os estoques abarrotados de roupas de inverno nas lojas, consumidores que forem às compras agora encontrarão comerciantes dispostos a recuperar as vendas represadas nos meses em que o frio resistiu em chegar ao Estado.
A queda nas temperaturas se deu a pouco mais de um mês do início das liquidações, o que deve favorecer as condições de compras da estação.
A disposição dos consumidores em comprar roupas de inverno é diretamente proporcional ao frio: é preciso os termômetros despencarem para a pessoa investir em peças mais pesadas. O movimento foi verificado nesta semana, quando o comércio de vestuário e calçados começou a vender em maior quantidade as mercadorias de inverno.
As vitrinas de lojas de shoppings e de rua de Porto Alegre foram renovadas ainda em março, após as promoções de verão. No final de abril, com as primeiras baixas na temperatura, o vestuário de meia estação no comércio deu lugar a casacões, blusas de lã, mantas e botas. Mas o frio não veio, e os estoques se acumularam. Agora, com a temperatura próxima de zero grau, os lojistas esperam recuperar o tempo perdido.
- O receio era de que passasse a primeira quinzena de junho sem frio. Agora as vendas só tendem a aumentar - conta o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas da Capital, Gustavo Schifino, apostando em 20% de expansão neste fim de semana, em relação ao anterior.
Além da ausência do frio, o que segurou as vendas de inverno foi a alta da inadimplência e a renda comprometida das famílias. Para atrair consumidor receoso em gastar, algumas redes de varejo já oferecem descontos de até 60%. O forte das promoções, porém, se dará a partir da segunda quinzena de julho.
- No começo de cada estação, os preços sempre são maiores. Antes de comprar nesta época, é bom dar uma olhada para o guarda-roupa e ver qual é a necessidade mais urgente - recomenda Everton Lopes, consultor em finanças pessoais.
Ao investir em peças de valor mais elevado, modelos tradicionais e cores neutras são as mais indicadas para elevar a vida útil das roupas.
- O diferencial às vezes se dá nos acessórios, como mantas e lenços, em cores e estampas variadas - diz Nicele de David Branda, professora de Design de Moda do Senac-RS.
Alta do dólar não afeta preços
- As compras dos lojistas são feitas com bastante antecedência, de até seis meses, por isso não há reflexos diretos agora - explica Vitor Koch, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado (FCDL-RS).
Mas a demora para o frio desembarcar com força máxima no Rio Grande do Sul fez as indústrias do vestuário e do calçado do nordeste gaúcho diminuírem o faturamento neste trimestre.
- Houve cancelamentos de pedidos com a justificativa de que o frio estava atrasado - disse Thiaraju Barbosa, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário e do Calçado do Nordeste Gaúcho.
