Preste atenção nas informações a seguir:
19 mulheres foram citadas na história científica no Brasil pelo CNPq, mas nenhuma delas é negra.
4% é o percentual de negras entre as fundadoras de startups de tecnologia comandadas por mulheres nos EUA.
10 é o número de mulheres negras que a Escola Politécnica da USP formou em 120 anos (Poligen, 2013).
15% é a porcentagem aproximada de mulheres que ingressam nos cursos relacionados à computação e à tecnologia do total de alunos (MEC, 2013).
41% das mulheres que trabalham com tecnologia acabam deixando a área, em comparação a 17% dos homens, segundo estudo da Harvard Business Review.
Dados como esses foram fundamentais para a criação, em março, da PretaLab, iniciativa do OLabi - organização que apoia a tecnologia como ferramenta de transformação social. O projeto nasceu para buscar entender quem são as mulheres negras e indígenas na área de tecnologia no Brasil e mostrar para as que se interessam pela área que podem, sim, sonhar com um futuro diferente daquele que está culturalmente associado a elas.
O objetivo é levantar dados e dar visibilidade para meninas e mulheres já inseridas na área, fazendo uma rede de colaboração e, ainda, ampliar o espaço e representatividade de mulheres negras e indígenas nas áreas de tecnologia.
Como primeiro passo da PretaLab, há o convite a que meninas e mulheres negras e indígenas que tenham qualquer tipo de atuação ligada ao universo de inovação para preencher um formulário no site oficial do projeto pretalab.com para obter os dados. Dentre esses campos de atuação, contam produtoras de conteúdo, ativistas por privacidade, empreendedoras digitais, realizadoras independentes, gambiólogas, cientistas de garagem, Youtubers, pesquisadoras, cientistas de dados, engenheiras da computação, tecnólogas, desenvolvedoras de programas computacionais, webdesigners, gestoras de produtos, entre tantas outras funções nomeadas ou ainda sem nome.
– Cabe lembrar que as tecnologias digitais desempenham um papel cada vez mais central no mundo contemporâneo. É a partir delas que decisões são tomadas e que o futuro está sendo moldado. Por isso, olhar para as tecnologias é essencial se queremos pensar a redução de desigualdades e a transformação social. Fala-se muito no possível impacto positivo da revolução digital e sua capacidade de resolver os grandes problemas sociais do mundo, mas o fato é que diversos estudos comprovam que a tecnologia tem sido um importante vetor para a concentração de renda e das oportunidades – diz Silvana Bahia, diretora de programas do Olabi, que está à frente do PretaLab.
Ela ainda fala que a ausência de mulheres negras e indígenas nesses espaços voltados para área de tecnologia e inovação está ligado diretamente ao difícil acesso e falta de referência.