Há uma linguagem sem palavras no olhar atento, que tanto pode ser sinal de consideração pela pessoa que cumprimentamos, sem ou com aperto de mãos, como de interesse por quem está falando. E também de disponibilidade. Há dois exemplos bem comuns que envolvem a vida profissional: vendedores de loja que não olham para o cliente que chega e garçons que ficam de costas para os clientes em torno das mesas, conversando com os colegas, em vez de percorrer seu olhar atento ao entorno, verificando se há algum que esteja inquieto tentando chamá-lo com um gesto. Só assim será evitado o desagradável "PSIU!" em alto som por parte de quem necessita de um serviço.
Algumas vezes, a linguagem da troca de olhares de duas amigas numa sala com visitas pode ser cumplicidade de ironia e crítica do que está sendo falado pelas outras. Sustentar esse olhar com uma delas não é uma boa, pode ser percebido por quem está fazendo o comentário. A nova geração de namorados, acredito que não saiba bem o que é flerte, hoje sinônimo de paquera ou uma breve relação sem compromisso. Havia uma frase comum entre as moças até os anos 1950 do século 20:
- Fulana flertava com Beltrano na Rua da Praia até ele se resolver a falar com ela.
Aquele tempo passou, mas ainda hoje tudo começa com um olhar de interesse. Os tempos mudaram, pois hoje o olhar atento deve ser para evitar assaltos. Especialmente ao parar o carro, quando se deve manter o olhar no entorno e, sempre que se detectar alguém suspeito, seguir adiante para retornar mais tarde ao local. Mas um olhar amistoso e até risonho ainda vale muito para atrair simpatia, fora de interesses maiores.
"No homem de gênio, a razão tomou um espaço considerável; na criança, a sensibilidade ocupa quase todo seu ser. (...) É a essa curiosidade profunda e alegre que se deve atribuir o olhar fixo e irracionalmente extático das crianças diante do novo, qualquer que seja ele, rosto, paisagem, luz, cores, tecidos furta-cores, encantamento da beleza embelezada pela toalete". CHARLES BAUDELAIRE (1821-1867)
Os noivos, quando começavam a conviver com os futuros sogros, jamais os tratavam por você ou tu: era senhor e senhora, mesmo que estivessem na faixa dos 40 anos. O noivo ou a noiva hospedado na casa deles ficava em quarto separado. O noivo, ao retornar do veraneio, enviava um ramo de flores para a futura sogra.
ONTEM E HOJE
Os namorados bem-educados começam tratando os sogros por senhor e senhora e aguardam que o casal peça para usar de menos cerimônia. E os agradecimentos? Um namorado se comporta como hóspede. No veraneio, é uma gentileza levar bombons para a dona da casa. Flores, ao retornar à cidade, já é mais raro. Mas todo gesto de boa educação enraizado em costumes do século passado é bem avaliado. Quem não aprecia um agrado?
ETIQUETA NA PRÁTICA: CÁLICE DE ESPUMANTE
"Nosso apartamento é de dois quartos, com uma sala pequena e cozinha aberta. Há pouco espaço para guardados. Pergunto se preciso adquirir aquele copo estreitinho para servir espumante." ANDRÉ
- Pode usar os cálices de vinho. Li numa coluna do jornal O Globo que há uma forte tendência de servir espumante em cálice de vinho transparente e incolor. O Instituto Brasileiro do Vinho divulgou que esta "onda" vem da Itália para favorecer os vinhos tintos deles. Mas revela-se muito prática para espaço e orçamento pequenos. E, pensando bem, espumante também é vinho.
"É incorreto preencher cheques ou escrever a correspondência particular com tinta vermelha ou verde? Não sei se há alguma regra de etiqueta contra." LUIZ
- É com tinta vermelha que são feitas as correções de texto para chamar bastante atenção; a de cor verde é considerada fantasiosa. Tinta negra ou azul marinho são as corretas, inclusive para correspondência particular. Com o uso comum das canetas Bic, aparece muito cheque com letra vermelha, não aceita por alguns bancos, e sempre deselegante.