Quando a Helena em questão é a Rizzo, gaúcha de Porto Alegre e chef de um dos restaurantes mais prestigiados do Brasil, o Maní, pode crer que, seja qual for a nova, ela terá um sabor incrível, um visual inesperado e a potência para tornar-se um sucesso. É assim a novíssima versão do cardápio do restaurante, inaugurado recentemente, logo depois de sua idealizadora ter sido eleita a melhor chef (mulher) do mundo pela revista inglesa Restaurant.
A premiação ainda reposicionou o Maní no ranking mundial, fazendo-o subir 10 posições, do 46º para o 36º lugar. O resultado foi uma corrida ao disputado recanto no bairro Jardim Paulistano, em São Paulo. Para desfrutar das novidades é necessário reservar lugar com, no mínimo, 10 dias de antecedência.
As criações são novas, mas o espírito da coisa continua o mesmo. Cozinha contemporânea executada a partir de memórias, sonhos e do cotidiano, como a própria Helena gosta de dizer. E, claro, prioridade total aos ingredientes orgânicos e bem brasileiros. O nome do restaurante já diz a que ele veio: maní é a palavra indígena para mandioca e também o nome da divindade que teria dado origem ao ingrediente, segundo uma lenda.
Apaixonada por cozinha desde pequena, Helena abandonou a faculdade de arquitetura em Porto Alegre e mudou-se para São Paulo, onde estagiou com chefs badalados, como Luciano Bossegia e Neka Mena Barreto. Trabalhou na Itália por cinco meses e, depois, por três anos na Espanha, onde conheceu o marido e sócio no Maní, Daniel Redondo. Na volta ao Brasil, provou que a comida brasileira pode ser, sim, uma das melhores coisas do mundo.
Sempre em busca de alquimias
O prêmio conquistado por Helena Rizzo é o reconhecimento por uma carreira dedicada à descoberta de novos sabores e, principalmente, à combinação de ingredientes comuns na mesa dos brasileiros, originando alquimias inesperadas. Pesquisadora ávida, Helena está sempre às voltas com a possibilidade de engendrar uma química diferente. Foi assim que criou alguns pratos que consagraram o Maní e fizeram com que ela ganhasse o olhar atencioso dos maiores especialistas em gastronomia do mundo.
Uma dessas criações emblemáticas é o Peixe cozido a baixa temperatura no Tucupi com Banana da Terra e Migalhas do Maní - uma farofa crocante que dá charme especial à receita. Outra marca do Maní é o Ovo Perfecto, cozido a 63 graus durante duas horas e meia e servido com espuma de pupunha. Ainda na categoria ovos está outra marca da personalidade de Helena à frente da cozinha: uma das sobremesas mais pedidas é "O Ovo", uma bola de sorvete de gemada ladeada por espuma de coco e coquinhos crocantes. Parece um ovo poché, mas é um doce de sabor inesquecível.
Mesmo com o cardápio novo, os clássicos permanecem à disposição de quem não quer abrir mão dos seus pratos preferidos. Até os pirulitos de parmesão, mimos servidos como couvert ao lados dos pães, continuam no menu.