Uma recente revista semanal traz matéria sobre as últimas novidades da cirurgia plástica para tirar a pele que sobra na parte de dentro do braço ? o chamado músculo do tchauzinho ? que, na verdade não é músculo, é só pele. E, geralmente, depois de certa idade, pele flácida.
O título da reportagem já diz tudo: "Sem medo do tchau". E mostra fotos de mulheres famosas e que já passaram dos 50, como a atriz Sigourney Weaver e a popstar Madonna (sim, até ela, apesar do corpo malhadíssimo), acenando e deixando à mostra suas "imperfeições" nos braços. Ao mesmo tempo, mostra uma senhora, cujo próprio marido dizia que ninguém repara neste detalhe, que passou pela cirurgia e hoje se sente muito mais feliz. Na legenda da foto, ela afirma: "Hoje posso dançar levantando os braços". E antes ela não podia por quê?
A braquioplastia ? esse é o termo correto ? é hoje um sucesso, porque deixa uma pequena cicatriz, diz um cirurgião plástico. Mas a própria matéria adverte: "cirurgia plástica é para quem consegue pôr os riscos inerentes a qualquer operação, os custos e a dor inevitável num lado da balança, contrapondo-os aos futuros benefícios estéticos". Ou seja, nem tudo são flores. Não é só chegar à clínica, tirar o que não está bom e ir embora feliz.
Desde o início da humanidade as mulheres têm (e os homens também devem ter, nunca reparei nisso) esta pelezinha mais flácida na parte de baixo do braço depois de adultos, com raríssimas exceções. Mas só nos últimos tempos parece que isto virou um grande problema.
Vale a pena tanto empenho por tão pouco? Será que é preciso, mesmo, tanta cirurgia plástica para ser feliz? Há quem jure que sim, e que se submeta a todas as novidades que aparecem neste mundo mágico da estética e da beleza ? aliás, um mercado milionário onde cada dia aparece uma novidade. Ano passado foram as cirurgias íntimas, lembra?
Eu jogo no time dos que acreditam que há um certo exagero nesta busca incessante pela beleza (que é muito subjetiva) e pela juventude eterna. Até porque a carga de frustração que vem junto com esta necessidade de estar sempre linda, magérrima e jovem é muito grande, por serem ideais inalcançáveis.
Não sou contra as cirurgias plásticas, já conheci pessoas nas quais as intervenções cirúrgicas operaram verdadeiros milagres, melhorando a autoestima, a segurança, a alegria de viver. O problema é a banalização, é achar que tudo no seu corpo está ruim e precisa ser mudado. Antes de sair por aí tirando fora tudo que é pelezinha flácida ? que sempre vai ter, é inerente ao envelhecimento ? sugiro uma boa olhada para dentro. Se lá no fundo você se achar bonita, o resto vai estar bem também. Independente do que mostre o espelho.